Vê Legentil

quinta-feira, 27 de abril de 2017

Com Licença...Eu vou Usar!!!

Gosto de falar sobre acessibilidade, na verdade, não é gostar, é necessidade mesmo.  Vocês sempre irão notar que entre um texto e outro, o assunto será ACESSIBILIDADE.
Outro dia contei um pouco de umas experiências vividas nos shopping. Hoje quero falar de outra experiência, só que desta vez, no ônibus. Vou falar de uma das últimas, na verdade, a mais marcante dos últimos meses, porque são muitas, e muitas mesmo.
Estava eu de férias, e convidei uma amiga para passearmos durante todo o dia. O passeio estava fluindo maravilhosamente bem. Um dos roteiros era conhecer a Fortaleza de Santa Cruz da Barra em Jurujuba - RJ (para quem não conhece, super indico, é um lindo passeio e você ainda fica sabendo um pouquinho mais sobre a história do Brasil).
Conhecemos o Forte e na hora de ir embora, entrar no ônibus, minha amiga pediu ao motorista para baixar o elevador para que eu pudesse entrar no coletivo, porém, o mesmo se recusou, dizendo que era só para CADEIRANTES. Minha amiga argumentou, eu, também usei todos os argumentos LEGAIS que conhecia para convencê-lo a baixar a plataforma. Mas, o indivíduo, insistia que eu não tinha esse direito, e que recebia ordens da empresa para não liberar. Neste momento eu e minha amiga já estávamos nervosas com tanta teimosia descabida. Genteeeeeeeee é tanta raiva que dá na hora! A vontade é de agarrar o sujeito pelo gogó e gritar: CRIATURA DESAVISADA QUER SABER MAIS DO QUE EU, QUE PRECISO USAR ESTA GERINGONÇA DIARIAMENTE? Mas aí você recobra a sanidade mental, pra continuar argumentando. Ele dizia que tinha que ligar para a,b,c e d para verificar se eu realmente tinha esse direito. Falei para ele ligar para todo o alfabeto, porém, se eu não entrasse naquele ônibus, o veículo não sairia do local.
Neste momento, alguns militares que estavam próximos, perceberam o “princípio de tumulto”...rsrsrsrs..(Porque eu e minha amiga somos dessas!!!!)Eles se interessaram em saber o que estava acontecendo ali. Um dos militares falava educadamente com o motorista, dizendo que se eu já havia apresentado os argumentos, era para ele baixar a plataforma (enquanto isso,minha amiga estava “agarrada” a porta dianteira do ônibus impedindo que o motorista saísse com o coletivo dali...rsrsrsr).
O motorista então decidiu descer do ônibus, foi quando um outro militar se aproximou, um pouco mais exaltado indagando qual o motivo da recusa do motorista em baixar a plataforma. Foi então que ele decidiu pegar o telefone e disse ele “ter recebido autorização” para baixar o elevador para que eu pudesse entrar.
Resumindo: Entramos no ônibus e seguimos viagem! Todos estressados!
Minha amiga anotou todos os dados possíveis e fiz um reclamação formal à empresa e também ao Comitê dos Direitos da Pessoa com Deficiência da ALERJ.
Por que contei essa história? Para me vitimizar? Claro que não! Para me fazer de coitadinha? Muito menos isso! Contei com alguns objetivos:
1-      É muuuuuiiiitoooooo importante conhecermos nossos direitos, a legislação que nos ampara. Se eu não soubesse de meus direitos e não compartilhasse essas informações, eu seria deixada naquele local, e o próximo ônibus só passaria 2 horas depois;
2-      A plataforma ou elevador, como preferirem, não é de uso exclusivo para cadeirantes. O que acontece é que, aquele símbolo de fundo azul com uma cadeira de rodas, na verdade é o símbolo UNIVERSAL da acessibilidade. Quer dizer que aquele local possui acessibilidade, acesso fácil para quem precisa. Ela pode ser usada por qualquer pessoa com dificuldade de locomoção;
3-      O tal elevador possui em seu degrau um adesivo explicativo para os seus usuários, orientando como deve ser utilizado, para que a pessoa não se machuque. Ele faz indicação do uso para cadeirantes e também para as pessoas que estão de pé. É só Ler;
4-      Peço que não se omitam quando presenciarem cenas parecidas com essa que relatei. Peço que também compreendam a demora para termos acesso ao ônibus tanto para embarque quanto para desembarque. Sei que vocês tem pressa de chegar ao trabalho, de chegar em casa. Mas talvez você tenha conseguido pegar o primeiro ônibus para o qual fez sinal, mas para a PcD este tenha sido o 4º ônibus que passou e o único que parou para ela;
5-      Motoristas geralmente não são treinados para manusear o equipamento. Esses ônibus vem de fábrica com esse elevador, então ele chega na garagem e já é posto na rua para rodar. Sei que é mais uma atribuição para ele que já dirige e muitas vezes também é cobrador. Entendo tudo isso. O que não entendo é a recusa, é a prepotência de achar que sabe tudo, em não aceitar os argumentos legais (Lei) de que isso é um direito adquirido.
      
 Pessoas queridas, compartilhem essas informações com seus amigos e familiares. Prestem atenção, pois como eu disse, qualquer pessoa com dificuldade de locomoção tem direito a usar o elevador dos ônibus, inclusive seu pai, sua mãe que são idosos (e a altura daqueles degraus, NINGUÉM merece aquilo), você mesmo pode precisar se torcer o pé e precisar andar de muletas temporariamente. E mesmo que você nunca venha precisar, minha torcida é esta na verdade, que você não precise, (pelo menos enquanto for jovem...rsrsrsrs), ajude outras pessoas.
 Sabiam que algumas PcD se sentem constrangidas por ter que lutar por seus direitos ou mesmo por desconhecerem, acabam se sujeitando a situações de humilhação? Se arrastando pelo piso do ônibus, pelos degraus, para não incomodar ninguém! Talvez você em sua cidade, em seu bairro quase não veja cadeirantes, muletantes pelas ruas, justamente porque eles evitam ou não tem como se locomover pela cidade, porque não conseguem nem mesmo ter acesso ao ônibus.

Bora ligar o alerta pessoal!!! Bora fazer trabalho de formiguinha sim!

O papo é sério, na hora é tenso demais...mas depois do caso passado, a gente dá algumas risadas. Para a vida não ficar mais pesada do que já é! Passar por isso em situações esporádicas é uma coisa, mas diariamente é um teste de paciência, de sanidade mental, de perseverança!
Para mim foi impagável contemplar a cara arrogante do motorista se desfazendo em dois momentos específicos:
1-      Quando ele “ligou” para alguém da empresa e disse ter recebido ordens para baixar o elevador (embora eu até hoje não acredite nesta ligação);
2-      Perceber o tom de voz dele baixar quando o militar mais exaltado se aproximou.

“Bora respeitar o próximo né minha gente, porque o amanhã a Deus pertence”

Dizeres explicativos para o uso do equipamento

Símbolo Universal da Acessibilidade



segunda-feira, 24 de abril de 2017

Posso contar com você?

Vocês já passaram pela experiência de ir ao shopping com alguém que necessitasse usar a cadeira de rodas do referido estabelecimento?
Eu simmm...afinal sou a própria que necessita!!!!
Já fui em alguns shoppings do Rio, São Gonçalo, Niterói e até mesmo em outros Estados. O interessante é perceber que as cadeiras de rodas nunca ficam próximas as entradas.  Se a PcD – Pessoa com deficiência (vou sempre usar esta sigla de agora em diante, para que se acostumem) estiver acompanhada, ela aguarda na entrada do shopping ou do estacionamento, enquanto seu familiar,amigo, namorado etc, vai em busca da cadeira, que nem sempre tem placas indicativas para facilitar a busca, ou, se ela estiver sozinha tem que fazer uma boa caminhada até chegar ao local de retirada da cadeira, em um piso altamente escorregadio (queria entender porque colocam porcelanato dos mais lisos em shopping, local de grande circulação de pessoas. Este tipo de piso pode causar uma queda em qualquer pessoa. Outro fato bem interessante é que, para sair do shopping, a cadeira precisa ser devolvida ao mesmo local de onde foi retirada e não na porta de acesso ao shopping.
Passei por uma experiência faz poucos dias, em Niterói. Eu acreditava que o Plaza Shopping fosse acessível, mas em uma ida recente por lá com minha irmã e uma amiga descobri que não é tão acessível como eu julgava.
Eu precisava ir à uma loja no “4º piso” ou como eles dizem no “G1 – Estacionamento”.  Porém, mesmo sendo oficialmente estacionamento, neste referido piso tem lojas, como já mencionei. Pois bem, o elevador do shopping quando chega no tal G1, não oferece acesso direto às lojas, o cadeirante precisa atravessar o estacionamento, e nem sempre com local reservado a pedestres e/ou cadeirantes, obrigando-os a passar entre os carros para ter acesso as lojas.
Outra experiência foi no shopping São Gonçalo, o carro do meu cunhado estava no último piso do estacionamento, onde me levaram na cadeira de rodas para irmos embora, e depois tiveram que voltar para devolve-la, além de ser distante (deveria ter no estacionamento um local para que a cadeira de rodas pudesse ser devolvida), o local de devolução estava fechado, mesmo com a indicação de que fechava as 22h, e não passava das 21h no momento.
Fiquei  bastante decepcionada vivenciando estes episódios, senti meu direito de ir e vir cerceado, limitado.  No dia não pude ir à administração do shopping para registrar pessoalmente minha reclamação/observação referente a esses dois aspectos que mencionei. As cadeiras longe das portas de acesso ao shopping e acesso aos estacionamentos, bem como não ter minimamente uma sinalização adequada à pedestres/cadeirantes no andar em que se para ter acesso às lojas, precisa-se atravessar o estacionamento.
Mas já tenho como certa, minha ida à administração na próxima vez que for ao Plaza Shopping e ao Shopping São Gonçalo.
E gostaria de pedir a ajuda de vocês neste sentido, que,quando estiverem em algum shopping, ou mesmo nos sites destes estabelecimentos, que registrassem como sugestão de melhoria para o acesso de pessoas com deficiência, mobilidade reduzida, idosos, o que mencionei ao longo do texto.

Isso fará grande diferença. Pois seremos muitos pedindo melhorias e não somente uma pessoa.

Conto com a ajuda de vocês! Obrigada!





terça-feira, 18 de abril de 2017

Oportunidade de Trabalho - Pessoa com Deficiência - RJ


segunda-feira, 10 de abril de 2017

Você é linda sim! Já se olhou no espelho hoje?

Ser mulher não é fácil, todas sabemos muito bem! Ser mulher com deficiência é um pouco mais difícil, ainda mais quando levamos em conta o alto padrão de beleza, de perfeição que a sociedade impõe a todas as mulheres.
Não pode ter rugas, linhas de expressão, gordurinhas localizadas...aff quanta cobrança!!! E para nós mulheres que temos deficiência física, já pensou? Nossos corpos vão se estruturando, se definindo a medida que nos esforçando fisicamente para nos locomover, isso desde a infância. Seja uma mulher cadeirante, seja muletante. 
Geralmente nossos braços são bem musculosos e os membros inferiores atrofiados devido a nossa deficiência. Estamos bem loooongeeeee do padrão “corpo escultural” imposto. Muitas vezes nossos corpos são julgados com o disfarce do “rosto bonito”. É comum ouvirmos frase do tipo “tão bonita, pena que é deficiente”. Isso não é elogio, é preconceito disfarçado de piedade, que, aliás, é outro sentimento que reprovo, mas isso é assunto para outra postagem. Só me chame de bonita, se você consegue me enxergar como um ser humano completo. Não elogie a beleza de meu rosto, se para você é o corpo que importa!
Sou bonita sim, do meu jeito, ao meu estilo. Sou bonita porque aceito a minha beleza individual, beleza construída através da minha história de vida.
Se para uma mulher sem deficiência já é complicado se relacionar com um cara bacana, pra gente tem um grauzinho a mais de complicação. Como eu disse a sociedade impõe a todos a beleza perfeita, a mulher ideal baseada na estrutura física, corporal, e alguns homens “homens idiotas” para ser sincera, também são levados por esse tipo de pensamento e acabam por ignorar, menosprezar algumas mulheres com deficiência. No início da adolescência, da juventude é difícil aceitar que estão te olhando com inferioridade, como se fôssemos mulheres pela metade. Isso machuca e pode trazer consequências para a vida toda.  Mas ainda bem que a vida passa, que o tempo nos amadurece e entendemos e ficamos felizes por homens assim manterem distância da nós. Pois, com TODA certeza do mundo, esses caras não nos merecem. Com o tempo a gente aprende que a beleza da vida está na própria vida, em viver da melhor maneira que puder, que, o que nos faz feliz é a forma como levamos a vida. A gente aprende a gostar do nosso corpo do jeitinho que ele é, que cada imperfeição é um pedacinho da nossa história de vitória, de luta. E que isso nos faz mulheres fortes, lindas. Que isso adorna nosso caráter. Que o mais importante é estar bem consigo mesma. Seja a mulher mais linda que puder ser, não pelos outros, mas por você mesma! Se ame, se respeite! Cuide bem da extensão do seu corpo (suas muletas, bengalas, cadeira de rodas), sim, esses itens nos pertence, pertence ao nosso corpo.
Seja quem você quiser ser....não permita que pessoas te definam por aparência, por sua deficiência! Permita ser conhecida pelas pessoas, saia de casa, divirta-se, faça amigos, viaje, conheça pessoas, paquere, namore (se achar que vale a pena), mas vivaaaaaaaaaaaaaaaaaaa a sua vida!!!!  Se case, fique solteira, seja uma profissional liberal, uma empresária, dona de casa, mas seja VOCÊ!
Agradeça a Deus pela oportunidade de viver, de ser quem você é, uma mulher capaz, inteligente, bonita! Permita-se viver!

Se ame! Se aceite!
 Eu me aceito! Sou mulher como qualquer outra!