Gosto de falar sobre acessibilidade, na verdade, não é
gostar, é necessidade mesmo. Vocês
sempre irão notar que entre um texto e outro, o assunto será ACESSIBILIDADE.
Outro dia contei um pouco de umas experiências vividas nos
shopping. Hoje quero falar de outra experiência, só que desta vez, no ônibus.
Vou falar de uma das últimas, na verdade, a mais marcante dos últimos meses,
porque são muitas, e muitas mesmo.
Estava eu de férias, e convidei uma amiga para passearmos
durante todo o dia. O passeio estava fluindo maravilhosamente bem. Um dos
roteiros era conhecer a Fortaleza de Santa Cruz da Barra em Jurujuba - RJ (para quem
não conhece, super indico, é um lindo passeio e você ainda fica sabendo um
pouquinho mais sobre a história do Brasil).
Conhecemos o Forte e na hora de ir embora, entrar no ônibus,
minha amiga pediu ao motorista para baixar o elevador para que eu pudesse
entrar no coletivo, porém, o mesmo se recusou, dizendo que era só para
CADEIRANTES. Minha amiga argumentou, eu, também usei todos os argumentos LEGAIS
que conhecia para convencê-lo a baixar a plataforma. Mas, o indivíduo, insistia
que eu não tinha esse direito, e que recebia ordens da empresa para não
liberar. Neste momento eu e minha amiga já estávamos nervosas com tanta teimosia descabida. Genteeeeeeeee é tanta raiva que dá na hora! A vontade é de agarrar o sujeito pelo gogó e gritar: CRIATURA DESAVISADA QUER SABER MAIS DO QUE EU, QUE PRECISO USAR ESTA GERINGONÇA DIARIAMENTE? Mas aí você recobra a sanidade mental, pra continuar argumentando. Ele dizia que
tinha que ligar para a,b,c e d para verificar se eu realmente tinha esse
direito. Falei para ele ligar para todo o alfabeto, porém, se eu não entrasse
naquele ônibus, o veículo não sairia do local.
Neste momento, alguns militares que estavam próximos, perceberam
o “princípio de tumulto”...rsrsrsrs..(Porque eu e minha amiga somos dessas!!!!)Eles
se interessaram em saber o que estava acontecendo ali. Um dos militares falava
educadamente com o motorista, dizendo que se eu já havia apresentado os
argumentos, era para ele baixar a plataforma (enquanto isso,minha amiga estava
“agarrada” a porta dianteira do ônibus impedindo que o motorista saísse com o
coletivo dali...rsrsrsr).
O motorista então decidiu descer do ônibus, foi quando um outro
militar se aproximou, um pouco mais exaltado indagando qual o motivo da recusa
do motorista em baixar a plataforma. Foi então que ele decidiu pegar o telefone
e disse ele “ter recebido autorização” para baixar o elevador para que eu
pudesse entrar.
Resumindo: Entramos no ônibus e seguimos viagem! Todos estressados!
Minha amiga anotou todos os dados possíveis e fiz um reclamação
formal à empresa e também ao Comitê dos Direitos da Pessoa com Deficiência da
ALERJ.
Por que contei essa história? Para me vitimizar? Claro que não!
Para me fazer de coitadinha? Muito menos isso! Contei com alguns objetivos:
1- É muuuuuiiiitoooooo
importante conhecermos nossos direitos, a legislação que nos ampara. Se eu não
soubesse de meus direitos e não compartilhasse essas informações, eu seria
deixada naquele local, e o próximo ônibus só passaria 2 horas depois;
2- A plataforma ou
elevador, como preferirem, não é de uso exclusivo para cadeirantes. O que
acontece é que, aquele símbolo de fundo azul com uma cadeira de rodas, na
verdade é o símbolo UNIVERSAL da acessibilidade. Quer dizer que aquele local
possui acessibilidade, acesso fácil para quem precisa. Ela pode ser usada por
qualquer pessoa com dificuldade de locomoção;
3- O tal elevador possui
em seu degrau um adesivo explicativo para os seus usuários, orientando como deve
ser utilizado, para que a pessoa não se machuque. Ele faz indicação do uso para
cadeirantes e também para as pessoas que estão de pé. É só Ler;
4- Peço que não se omitam
quando presenciarem cenas parecidas com essa que relatei. Peço que também
compreendam a demora para termos acesso ao ônibus tanto para embarque quanto
para desembarque. Sei que vocês tem pressa de chegar ao trabalho, de chegar em
casa. Mas talvez você tenha conseguido pegar o primeiro ônibus para o qual fez
sinal, mas para a PcD este tenha sido o 4º ônibus que passou e o único que parou
para ela;
5- Motoristas geralmente
não são treinados para manusear o equipamento. Esses ônibus vem de fábrica com
esse elevador, então ele chega na garagem e já é posto na rua para rodar. Sei
que é mais uma atribuição para ele que já dirige e muitas vezes também é
cobrador. Entendo tudo isso. O que não entendo é a recusa, é a prepotência de
achar que sabe tudo, em não aceitar os argumentos legais (Lei) de que isso é um
direito adquirido.
Pessoas queridas, compartilhem essas informações com seus amigos e familiares. Prestem atenção, pois como eu disse, qualquer pessoa com dificuldade de locomoção tem direito a usar o elevador dos ônibus, inclusive seu pai, sua mãe que são idosos (e a altura daqueles degraus, NINGUÉM merece aquilo), você mesmo pode precisar se torcer o pé e precisar andar de muletas temporariamente. E mesmo que você nunca venha precisar, minha torcida é esta na verdade, que você não precise, (pelo menos enquanto for jovem...rsrsrsrs), ajude outras pessoas.
Sabiam que algumas PcD se sentem constrangidas por ter que lutar
por seus direitos ou mesmo por desconhecerem, acabam se sujeitando a situações
de humilhação? Se arrastando pelo piso do ônibus, pelos degraus, para não
incomodar ninguém! Talvez você em sua cidade, em seu bairro quase não veja
cadeirantes, muletantes pelas ruas, justamente porque eles evitam ou não tem
como se locomover pela cidade, porque não conseguem nem mesmo ter acesso ao
ônibus.
Bora ligar o alerta pessoal!!! Bora fazer trabalho de
formiguinha sim!
O papo é sério, na hora é tenso demais...mas depois do caso
passado, a gente dá algumas risadas. Para a vida não ficar mais pesada do que
já é! Passar por isso em situações esporádicas é uma coisa, mas diariamente é um teste de paciência, de sanidade mental, de perseverança!
Para mim foi impagável contemplar a cara arrogante do motorista
se desfazendo em dois momentos específicos:
1- Quando ele “ligou”
para alguém da empresa e disse ter recebido ordens para baixar o elevador
(embora eu até hoje não acredite nesta ligação);
2- Perceber o tom de voz
dele baixar quando o militar mais exaltado se aproximou.
“Bora respeitar o próximo né minha gente, porque o amanhã a Deus
pertence”
Dizeres explicativos para o uso do equipamento |
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Símbolo Universal da Acessibilidade |