E setembro foi
assim....tão bom
Setembro é mesmo um mês lindo, não que os outros não sejam. Mas
acho que a chegada da primavera, tudo mais colorido me dê essa impressão.
Para mim foi um mês intenso, de muito trabalho, novas
experiências, novas vivências. Dentre as experiências vividas, posso destacar
algumas, não em ordem de importância, mas apenas porque é preciso começar com
alguma.
A primeira delas foi realmente ter que me virar sozinha pela
primeira vez no aeroporto com cadeira de rodas, mochila, mala e muletas (sim,
as levei comigo, nesta fase de transição muletas-cadeira
de rodas, ainda não me sinto confiante para sair de casa sem elas. Talvez
por viver na pele a falta de acessibilidade em determinados locais) acho que
isso me deixa um pouco insegura para ir a alguns lugares sem minhas “sempre”
companheiras. Mas deu tudo certo no final.
Como iniciante nessa nova categoria ou nova fase da vida, é bom
ter por perto pessoas que você possa confiar. Em maio quando também a trabalho
passei 4 dias em SP, fiz amizade vamos dizer assim, com um taxista muito
solícito e educado. E isso fez com que eu combinasse com ele de sempre me levar
do hotel para o trabalho, e do trabalho para o hotel. E assim acertamos. Fiquei
com o contato dele é desta vez procedi da mesma forma. E ele prontamente me
buscou no aeroporto e foi bem legal poder ensinar para ele como a cadeira de
rodas monobloco é colocada no carro. E o mais legal ainda foi perceber que ele
ficou bem empolgado com a possibilidade de transportar outros cadeirantes. Por
que isso me deixa feliz? Simples, levei informação para que outras PCDs se
sintam mais seguras, sem medo de ter sua cadeira de rodas danificadas, e que
mais uma pessoa pode entender um pouquinho mais sobre o universo de uma pessoa
com deficiência. A vida é assim, ela nos ensina o quanto é importante deixarmos
nossos rastros por onde passamos.
A Segunda experiência está relacionada a beleza de SP. Minhas idas
sempre são bem corridas, mas como desta vez tive o privilégio de dar palestra
no centro da cidade, aproveitei o horário de almoço para dar uma passadinha no
CCBB, lindo demais, pena não ter tido tempo de visitar nenhuma exposição. E ao
fim do dia, depois do expediente passei pela Praça São Bento, onde fica uma
igreja do mesmo nome. Entrei na igreja para conhecer melhor (sou apaixonada por
história do Brasil e suas construções mais antigas), a igreja é linda por
dentro (pena não ser permitido tirar fotos, filmar) e quando cheguei um coral
estava cantando cantos gregorianos, nunca tinha visto pessoalmente. Lindo
demais! AS construções antigas do centro da cidade, são simplesmente apaixonantes.
Ah...não posso esquecer de mencionar que conheci a Avenida
Paulista fechada ao trânsito de veículos. Andei de ponta a ponta, foi a
primeira vez que “andei” muito sem me cansar...rsrsrsrs!!! Bendita cadeira de
rodas. Esta avenida é uma loucura, em cada esquina alguém cantando um estilo
musical diferente, barraquinhas de todas as coisas, quadros, pinturas,
artesanatos diversos. Lamentei ainda não ter sobrado tempo para conhecer a 25
de março...rsrsrsrs!!!
Mas você deve estar pensando: - “Você não disse que viajou a trabalho?”
Simmmmmm, mas quem disse que não dá para aproveitar o tempinho entre um
trabalho e outro?
Então bora falar de trabalho... Para mim trabalho e felicidade
se misturam, pois sou uma agraciada em poder trabalhar com o que gosto. E não
pense que só porque é algo que gosto, que não é cansativo? É e muito!!!
Geralmente dou 3 palestras por dia na empresa a qual trabalho, essas palestras
são voltadas para os nossos colaboradores não PCD sobre como é a realidade da
pessoa com deficiência, suas dificuldades, sua capacidade e competência. Faço
isso com o máximo de naturalidade que posso. Pois o objetivo é fazer com que as
outras pessoas percebam o qual natural é lidar com quem tem deficiência em
qualquer ambiente, incluindo o mercado de trabalho. É levar àqueles que não
convivem com a pessoa com deficiência que não se trata de coitadinhos nem heróis.
Que fazemos o que é necessário fazer para vivermos, para irmos em busca de
nossos sonhos e objetivos.
É cansativo porque falo por quase 2h em cada palestra (mas
confesso que me sinto tão bem realizando meu trabalho, que só sinto este
cansaço quando me deito para dormir). Mas é extremamente gratificante quando ao fim do dia algumas pessoas vem falar comigo com os olhos
lacrimejando, agradecendo, dizendo que tornei sua vida mais leve, que a partir
daquele dia terá um outro olhar a respeito de quem tem uma deficiência.
Conto isso por vaidade? Não!!! Com certeza não! Conto por saber
que estou fazendo meu trabalho de formiguinha. Da melhor maneira que posso, que
sei fazer! Vou deixando meu rastro. E isso me deixa muito feliz, porque sei que
esse trabalho alcançará vidas de pessoas que nem conheço e que talvez nunca
venha conhecer. Madre Teresa de Calcutá tem uma frase que gosto muito, que diz
assim “Nunca permita que alguém saia de sua presença, sem se sentir melhor, e
mais feliz.”
Nas minhas palestras coloco o pessoal para “brincar” e nessa
brincadeira eles tem a oportunidade de vivenciar por alguns minutos de como é
viver na pele, algumas situações que vivemos diariamente. De acordo com Vygotsky
o desenvolvimento do indivíduo se dá por sua interação com o meio. E
complementando, o educador brasileiro Paulo Freire dizia que o aluno
(indivíduo) precisa aprender a “ler o mundo”. Como ler o mundo sem interagir
com o meio? Como saber sobre a pessoa com deficiência, sem conviver com ela,
sem ler o seu mundo? E para esses educadores, a melhor forma de aprender é
fazendo. Então, utilizo dinâmicas para que a aprendizagem faça mais sentido,
que seja algo impactante e inesquecível na vida de cada um deles. Porque para
mim é, cada palavra que recebo deles no fim do trabalho, impacta a minha vida e
só me faz querer continuar neste caminho.
Depois de uma semana tão intensa de aventuras, ensino e
aprendizado, chegou a hora de voltar para casa, e desta vez sem transtornos nos
aeroportos, sem precisar aguardar por 40 minutos uma cadeira de rodas da
companhia aérea, sem precisar subir e descer escadas. Gente foi bem legal! Desta
vez lembrei de tirar fotos de dentro do “ambulift”, só não consegui tirar foto
quando usei a cadeira de transbordo, pois fiz conexão e em um desses
aeroportos, o desembarque foi remoto, e utilizaram a cadeira. Foi bem tranqüilo.
Desta vez fiz uso dos recursos disponíveis para cadeirantes nos aeroportos por
onde passei. Embarquei de “ambulift”, desembarquei de cadeira de transbordo e
embarquei utilizando a rampa móvel também! Desta vez, sem reclamação! Só
sucesso!!!
E assim foi setembro.....
E assim me despedi
de setembro!!!
Bom final de semana!! Bjs e até sexta que vem!!!!!!!!!!!
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Passeando na Avenida Paulista |
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Dando uma passadinha no CCBB |
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Praça São Bento..maravilhosa praça! |
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Esse lugar não sei o nome! Mas achei lindo! |
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Igreja de São Bento - linda por dentro e por fora |
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Ainda na Praça São Bento |
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Genteee.. esse visual pode ser curtido pelos funcionários da empresa. Trata-se do nosso "break" externo. Muito chique né! |
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Dentro do ambulift a caminho da aeronave |
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A cadeira de rodas é presa nestes cintos e as rodas travadas com um equipamento fixo no chão. Bem seguro |
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Bem próximo da aeronave |