Vê Legentil

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

E assim foi setembro...





E setembro foi assim....tão bom

Setembro é mesmo um mês lindo, não que os outros não sejam. Mas acho que a chegada da primavera, tudo mais colorido me dê essa impressão.
Para mim foi um mês intenso, de muito trabalho, novas experiências, novas vivências. Dentre as experiências vividas, posso destacar algumas, não em ordem de importância, mas apenas porque é preciso começar com alguma.
A primeira delas foi realmente ter que me virar sozinha pela primeira vez no aeroporto com cadeira de rodas, mochila, mala e muletas (sim, as levei comigo, nesta fase de transição muletas-cadeira de rodas, ainda não me sinto confiante para sair de casa sem elas. Talvez por viver na pele a falta de acessibilidade em determinados locais) acho que isso me deixa um pouco insegura para ir a alguns lugares sem minhas “sempre” companheiras. Mas deu tudo certo no final.
Como iniciante nessa nova categoria ou nova fase da vida, é bom ter por perto pessoas que você possa confiar. Em maio quando também a trabalho passei 4 dias em SP, fiz amizade vamos dizer assim, com um taxista muito solícito e educado. E isso fez com que eu combinasse com ele de sempre me levar do hotel para o trabalho, e do trabalho para o hotel. E assim acertamos. Fiquei com o contato dele é desta vez procedi da mesma forma. E ele prontamente me buscou no aeroporto e foi bem legal poder ensinar para ele como a cadeira de rodas monobloco é colocada no carro. E o mais legal ainda foi perceber que ele ficou bem empolgado com a possibilidade de transportar outros cadeirantes. Por que isso me deixa feliz? Simples, levei informação para que outras PCDs se sintam mais seguras, sem medo de ter sua cadeira de rodas danificadas, e que mais uma pessoa pode entender um pouquinho mais sobre o universo de uma pessoa com deficiência. A vida é assim, ela nos ensina o quanto é importante deixarmos nossos rastros por onde passamos.
A Segunda experiência está relacionada a beleza de SP. Minhas idas sempre são bem corridas, mas como desta vez tive o privilégio de dar palestra no centro da cidade, aproveitei o horário de almoço para dar uma passadinha no CCBB, lindo demais, pena não ter tido tempo de visitar nenhuma exposição. E ao fim do dia, depois do expediente passei pela Praça São Bento, onde fica uma igreja do mesmo nome. Entrei na igreja para conhecer melhor (sou apaixonada por história do Brasil e suas construções mais antigas), a igreja é linda por dentro (pena não ser permitido tirar fotos, filmar) e quando cheguei um coral estava cantando cantos gregorianos, nunca tinha visto pessoalmente. Lindo demais! AS construções antigas do centro da cidade, são simplesmente apaixonantes.
Ah...não posso esquecer de mencionar que conheci a Avenida Paulista fechada ao trânsito de veículos. Andei de ponta a ponta, foi a primeira vez que “andei” muito sem me cansar...rsrsrsrs!!! Bendita cadeira de rodas. Esta avenida é uma loucura, em cada esquina alguém cantando um estilo musical diferente, barraquinhas de todas as coisas, quadros, pinturas, artesanatos diversos. Lamentei ainda não ter sobrado tempo para conhecer a 25 de março...rsrsrsrs!!!
Mas você deve estar pensando: - “Você não disse que viajou a trabalho?” Simmmmmm, mas quem disse que não dá para aproveitar o tempinho entre um trabalho e outro?
Então bora falar de trabalho... Para mim trabalho e felicidade se misturam, pois sou uma agraciada em poder trabalhar com o que gosto. E não pense que só porque é algo que gosto, que não é cansativo? É e muito!!! Geralmente dou 3 palestras por dia na empresa a qual trabalho, essas palestras são voltadas para os nossos colaboradores não PCD sobre como é a realidade da pessoa com deficiência, suas dificuldades, sua capacidade e competência. Faço isso com o máximo de naturalidade que posso. Pois o objetivo é fazer com que as outras pessoas percebam o qual natural é lidar com quem tem deficiência em qualquer ambiente, incluindo o mercado de trabalho. É levar àqueles que não convivem com a pessoa com deficiência que não se trata de coitadinhos nem heróis. Que fazemos o que é necessário fazer para vivermos, para irmos em busca de nossos sonhos e objetivos.
É cansativo porque falo por quase 2h em cada palestra (mas confesso que me sinto tão bem realizando meu trabalho, que só sinto este cansaço quando me deito para dormir).  Mas é extremamente gratificante quando ao fim do dia algumas pessoas vem falar comigo com os olhos lacrimejando, agradecendo, dizendo que tornei sua vida mais leve, que a partir daquele dia terá um outro olhar a respeito de quem tem uma deficiência.
Conto isso por vaidade? Não!!! Com certeza não! Conto por saber que estou fazendo meu trabalho de formiguinha. Da melhor maneira que posso, que sei fazer! Vou deixando meu rastro. E isso me deixa muito feliz, porque sei que esse trabalho alcançará vidas de pessoas que nem conheço e que talvez nunca venha conhecer. Madre Teresa de Calcutá tem uma frase que gosto muito, que diz assim “Nunca permita que alguém saia de sua presença, sem se sentir melhor, e mais feliz.”
Nas minhas palestras coloco o pessoal para “brincar” e nessa brincadeira eles tem a oportunidade de vivenciar por alguns minutos de como é viver na pele, algumas situações que vivemos diariamente. De acordo com Vygotsky o desenvolvimento do indivíduo se dá por sua interação com o meio. E complementando, o educador brasileiro Paulo Freire dizia que o aluno (indivíduo) precisa aprender a “ler o mundo”. Como ler o mundo sem interagir com o meio? Como saber sobre a pessoa com deficiência, sem conviver com ela, sem ler o seu mundo? E para esses educadores, a melhor forma de aprender é fazendo. Então, utilizo dinâmicas para que a aprendizagem faça mais sentido, que seja algo impactante e inesquecível na vida de cada um deles. Porque para mim é, cada palavra que recebo deles no fim do trabalho, impacta a minha vida e só me faz querer continuar neste caminho.
Depois de uma semana tão intensa de aventuras, ensino e aprendizado, chegou a hora de voltar para casa, e desta vez sem transtornos nos aeroportos, sem precisar aguardar por 40 minutos uma cadeira de rodas da companhia aérea, sem precisar subir e descer escadas. Gente foi bem legal! Desta vez lembrei de tirar fotos de dentro do “ambulift”, só não consegui tirar foto quando usei a cadeira de transbordo, pois fiz conexão e em um desses aeroportos, o desembarque foi remoto, e utilizaram a cadeira. Foi bem tranqüilo. Desta vez fiz uso dos recursos disponíveis para cadeirantes nos aeroportos por onde passei. Embarquei de “ambulift”, desembarquei de cadeira de transbordo e embarquei utilizando a rampa móvel também! Desta vez, sem reclamação! Só sucesso!!!
E assim foi  setembro.....
        E assim me despedi de setembro!!!

Bom final de semana!! Bjs e até sexta que vem!!!!!!!!!!!
Passeando na Avenida Paulista
Dando uma passadinha no CCBB

Praça São Bento..maravilhosa praça!

Esse lugar não sei o nome! Mas achei lindo!

Igreja de São Bento - linda por dentro e por fora

Ainda na Praça São Bento

Genteee.. esse visual pode ser curtido pelos funcionários da empresa. Trata-se do nosso "break" externo. Muito chique né!
 
Passeando na Avenida Paulista



 
"Escolhas um trabalho  de que gostes, e não terás que trabalhar nem um dia da tua vida." (Confúcio)

 
Ambulift por dentro

Dentro do ambulift a caminho da aeronave

A cadeira de rodas é presa nestes cintos e as rodas travadas com um equipamento fixo no chão. Bem seguro

Bem próximo da aeronave