Vê Legentil

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

21 de Setembro - Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência

OI....estava sumida, mas foi puramente por falta de tempo!


Hoje 21 de setembro comemora-se o dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência.  Essa data foi oficializada em 2005 pela Lei Nº 11.133, entretanto, já era comemorada desde o ano de 1982.
De acordo com a Declaração Universal da ONU sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência, a definição para a PcD é a seguinte:
“pessoa com deficiência é aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.”
O Brasil é um dos países com maior concentração de pessoas com deficiência do mundo, ultrapassando a marca de 46 milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência, ou seja, mais de 24% da população.
A Lei de Cotas de 1991 tem 26 anos de existência, ela visa a garantia da inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho. Porém, de acordo com os dados do CAGED 2017, o estado do Rio de Janeiro possui 2.929 empresas que se enquadram no perfil de porcentagem (nº de funcionários a partir 100) que tem obrigatoriamente que contratar um número determinado pela referida lei de pessoas com deficiência para seu quadro de funcionários. Ainda de acordo com o CAGED apenas 33,92% da Cota é preenchida, restando em aberto 66,07%, que traduzido em números reais, soma-se o total de 56.198 Cotas em aberto.
Ainda tratando de números, no Estado do Rio de janeiro somos 4 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência.
Visando mediar a questão da PcD e as empresas, o Ministério do Trabalho promove anualmente uma Feira de Empregabilidade denominada DIA D, o evento conta com a participação de diversas empresas que ofertam suas vagas, visando a captação de pessoas com deficiência para seus respectivos quadros de funcionários.
Muitas vagas são realmente ofertadas, mas cabe salientar que, a maioria delas tem perfil operacional, vagas administrativas são mais difíceis de serem ofertadas em eventos para o público com deficiência. Apesar de termos a questão da escolaridade, ou baixa escolaridade, que envolve um grande número de pessoas com deficiência, o que justificaria a oferta dessas operacionais, é notório que ainda existe muito mais preconceito com relação a capacidade laborativa da PcD para realização de tarefas complexas, do que o respeito por seu perfil profissional.
De acordo com o CENSO 2010, 7% da população PcD possui o Ensino Superior Completo, e muitos destes estão em busca de uma oportunidade DIGNA de trabalho, onde venha a ser contratada para exercer funções de acordo com seu perfil profissional.
Mas a inclusão da PcD no mercado de trabalho começa na verdade, na infância, quando lhe é garantido o direito à educação, conforme descrito na nossa Constituição Federal, que diz que, TODOS tem direito à educação. Mas infelizmente, o acesso muitas vezes é negado à criança com deficiência, pois, em grande parte a arquitetura da escola não é acessível, os profissionais da área de educação não são, ou não estão capacitados a trabalhar com a criança com deficiência, não tem material didático em BRAILLE, por exemplo, para a alfabetização da criança cega, intérprete de LIBRAS para as crianças surdas, enfim, obstáculos não faltam para que a PcD se qualifique profissionalmente para o mercado de trabalho.
Explorando um pouco mais a vida da PcD em sociedade, é possível notar que ela também é impedida de circular por suas cidades livremente, tendo em vista a precariedade dos transportes públicos, calçadas em péssimo estado de conservação, falta sinalização adequada. Bares e restaurantes nem sempre possuem acessibilidade, alguns cinemas o local reservado para o cadeirante é praticamente debaixo da tela, obrigando-o a ficar com o pescoço flexionado para trás, olhando para cima, se quiser assistir a um filme. As igrejas também estão muito distantes de serem locais acessíveis em todos os seus aspectos, falta estrutura física, falta intérprete de LIBRAS para traduzir toda a liturgia dos cultos, literatura em BRAILLE.  Ir à praia também é algo para poucos, pois somente algumas praias em todo o Brasil, dispõem de algum projeto que vise a acessibilidade de pessoas com deficiência.
É verdade que já tivemos algumas conquistas nessa trajetória de Luta da PcD por cidadania, mas ainda temos muito a conquistar. Temos muito ainda a mostrar à sociedade sobre nossa competência, nossos talentos, mas sobre tudo, temos muito a mostrar sobre nossa HUMANIDADE.  Não somos dignos de pena, não merecemos migalhas, nem buscamos favores. Lutamos por nosso espaço, lutamos diariamente para sermos respeitados.
Fico feliz ao lembrar que esta luta começou com meus pares, em uma época, que pessoa com deficiência nem mesmo tinha voz, que independente do tipo de deficiência éramos TODOS indiscriminadamente tratados como incapazes.
Alguém começou a luta lá atrás e cabe a nós continua-la, independente se você possui ou não algum tipo de deficiência!
Enquanto acessibilidade plena não chega, vamos fazendo nossa parte, insistindo em resistir à uma sociedade preconceituosa, displicente, inadequada a seus cidadãos PcD. É vida que segue com seus altos e baixos!




“Bora” então ser feliz, “bora” levar informação a quem não tem.

Fazendo a minha parte SEMPRE!

Palestrando para Universitários

Palestrando em Empresa







quarta-feira, 26 de julho de 2017

#TôdeFérias

#TôdeFérias...foi com essa rastag que publiquei diversas fotos e comentários em minha rede social, para mostrar que trabalhar é maravilhoso, que nos faz sentir úteis, produtivos  (pelo menos é assim que me sinto), e que as férias é a recompensa, é descanso sagrado e merecido aos que se dedicam ao que fazem.
E aproveitei meus 15 dias de descanso para visitar parte da família, conhecer novos lugares. Realizei minha vontade de andar de bugre pelas dunas, contemplar a força do mar que desconhece obstáculos quando quer avançar, que joga por terra edificações de todos os níveis, desde casebres à mansões suntuosas.

Orla de Aracaju

Orla de Aracaju

Dunas lindas - Estância

Passeio de bugre com família

Passeio de bugre com família

Praia linda,com diversas piscinas naturais - Estância


Onde havia construções - o mar tomando seu lugar
Onde havia construções - o mar tomando seu lugar

Obs.: Se você ainda não conhece Sergipe, super indico!

Pena que no retorno pude vivenciar mais um descaso com relação aos direitos não só da Pessoa com Deficiência, mas de qualquer que precise utilizar o serviço de “assistência social” de uma companhia aérea.
O voo foi tranquilo, o avião pousou por volta das 20h30, mas somente em torno de 21h, 21h10 consegui desembarcar da aeronave. Lembro bem que, assim que a porta no avião foi aberta, uma comissária de bordo, me informou que a cadeira já havia sido solicitada,então aguardei, aguardei e aguardei. Todos os demais passageiros já haviam desembarcado, só permanecendo no avião, minha mãe, minha irmã que viajaram comigo, além da tripulação que manteve-se ali até o momento de meu desembarque, exceto uma outra comissária que precisava estar em outro avião e o tempo já se fazia “apertado” para ela. Mas, e o meu tempo? A aeromoça que continuou ali comigo ligou algumas vezes para alguém, reclamando daquela situação, mostrando-se indignada. Um outro comissário me orientou a fazer uma reclamação no SAC da companhia (sim, o fiz).  O que me chamou atenção foi o fato de que, quando finalmente a cadeira de rodas chegou e o funcionário me conduzia pelo corredor do aeroporto, pude visualizar várias cadeiras de rodas com o logo da companhia aérea paradas perto do elevador (então por que demorou tanto a chegar uma para mim, se tinha cadeira a vontade pelo corredor?) Esta não foi a primeira vez que passo por uma situação assim, mas na época não fiz nenhuma questão de relatar o ocorrido, acionar a justiça ou qualquer coisa assim. Hoje me arrependo por não ter reclamado na época. Por isso digo a vocês, reclamem sempre, sempre que sentirem-se prejudicados, mal atendidos, ignorados. Registrem suas queixas nos meios oficiais para isso. Alguém precisa parar esses descasos.
Quando publiquei o vídeo no meu facebook relatando o meu caso, uma amiga que também é PcD, em seu comentário relatou que já ficou mais de 1h na aeronave aguardando a cadeira para seu desembarque. Isso sem mencionar os demais casos que tomo conhecimento em redes sociais de PcD que para deixar o avião precisou se arrastar pelas escadas de acesso porque nem o aeroporto nem a companhia aérea dispunham do equipamento necessário.
Eu confesso que a alternativa que me sobrava era desembarcar sem a cadeira e andar muuuuuiiito até a área de desembarque (saída do aeroporto), e esta opção não era nem de longe a melhor para mim, por isso, o jeito era esperar, esperar e esperar que a cadeira de rodas chegasse onde eu estava.

A espera de um milagre

A espera de um milagre

O que ficou de aprendizado dessas férias?
1-   Curta muuuitoooo cada oportunidade de passear, se divertir, conhecer novos lugares;
2-   Aproveite cada minuto de suas férias, pois é seu merecido descanso pelo trabalho que realiza;
3-   Quando algo sair de seu controle, quando se sentir lesado, reclame, registre suas queixas, dê visibilidade à sua insatisfação, quanto mais pessoas tomarem conhecimento de certas situações, mais próximos estaremos de resolver o problema, seja de forma amigável ou judicialmente se for necessário.
Quanto a rastag “#TôdeFérias”? ano que vem tem mais e se tiver que modificar a rastag para #TôdeFériasmasmeusdireitoseucorroatrás, assim farei!

Bjs!







sexta-feira, 7 de julho de 2017

"Como se destacar no mercado de trabalho em meio à crise"

Olá....faz alguns dias fui convidada a palestrar na Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência do Rio de Janeiro, para este mesmo público. Quando fizeram o convite pediram que eu falasse sobre “Como se destacar no mercado de trabalho em meio à crise”. No início relutei um pouco, pois nunca havia palestrado sobre o tema. Mas depois de pensar um pouco sobre o atual cenário do Brasil, principalmente no Rio de Janeiro e ainda nas dificuldades que as pessoas com deficiência enfrentam em se colocar no mercado de trabalho, vislumbrei a possibilidade de contribuir com o que aprendi , com o que pude vivenciar em minha vida profissional.
Pensando nisso, decidi dividir com vocês aqui em meu blog algumas dicas, sugestões para te ajudar a se destacar em meio à crise. Não é nenhuma receita de bolo, muito menos poção mágica, mas, apenas ideias que acredito, possam te ajudar.
E espero que te ajude!
Primeiro é preciso entender, o que significa cada palavra da frase “Como se destacar no mercado de trabalho em meio a crise”.
1-   Destacar: torna-se mais visível, colocar-se em evidência, se sobressair aos demais;
2-   Mercado de Trabalho: associação entre aqueles que oferecem força de trabalho àqueles que a procuram, em um sistema típico de mercado onde se negocia a fim de determinar os preços e as quantidades a transacionar.
3-   Crise: desequilíbrio, mudança, risco, perigo, dificuldade.
Então eu posso dizer que “Me destacar no mercado de trabalho em meio à crise, é o mesmo que :
me  tornar visível para àqueles que oferecem trabalho em troca da minha mão de obra, em um tempo de instabilidade e grande dificuldade econômica para o país”.
Agora , que de forma bem simplificada foi exposto o significado da palavra crise, podemos então, passar a outro ponto importantíssimo, qual seja, conhecer um pouco melhor, este cenário de crise. De acordo com dados do Censo 2010 e da Rais 2016, o Brasil apresenta a seguinte configuração quanto ao mercado de trabalho e sua população PcD e não PcD:
ÊNo Brasil de acordo com o Censo 2010 somos quase 45 milhões de PcD;
Ê De acordo com dados do governo mais de 2 milhões de PcD recebem o BPC;
Ê Segundo os dados da Relação Anual de Informações Sociais, 403,2 mil pessoas com deficiência trabalham formalmente;
Ê O desemprego no Brasil atinge mais de 13 milhões de pessoas (PcD e não PcD).
Isto significa que a crise atinge a todos. Alguns aproveitam esse momento de instabilidade financeira para investir em seu próprio negócio, após ser demitido de onde trabalhavam, outros buscam opções como revendedores de produtos etc. O que percebemos é que alguns se recusam a aceitar essa situação como derrota em suas vidas e seguem em frente, não temem os desafios que esta nova empreitada apresenta.
Mas, outras pessoas ainda não aprenderam a lidar com essa situação de crise, ou mesmo nunca trabalharam e se sentem um pouco perdidos quanto ao que fazer enquanto esta fase de estar fora do mercado de trabalho não passa, ou mesmo como se comportar em uma entrevista (lembro, que meu objetivo aqui não é oferecer um passo a passo, mas, apenas ajudar com questões simples,mas que, podem fazer a diferença, principalmente ao público PcD).
Se você está distribuindo seu currículo em sites e agências de emprego, sabe que a qualquer momento poderá ser chamado para uma entrevista, então segue aqui, o que um recrutador quer saber sobre você:
ÊSua história – Com quem se relaciona, com quem mora, estuda.
Ê Sobre sua deficiência – as sequelas, se faz uso de algum tipo de equipamento, etc, se faz uso de medicamento
OBS.: Quanto mais informações sobre você a empresa tiver, melhor será o processo de inclusão, pois, se houver necessidade de alguma adaptação ou pausa para algum tipo de procedimento, não só seu chefe compreenderá, como também seus colegas de trabalho, poderão o ajudar, se preciso for. Esconder a deficiência ou alguma necessidade real decorrente dela, em princípio, até pode parecer um bom negócio, mas depois, pode te atrapalhar na execução de suas funções ou até mesmo influenciar em seu relacionamento com seus colegas.
Ê Ele muitas vezes vai considerar o seu potencial.
OBS.: Talvez você não tenha a expertise para o cargo, talvez não tenha experiência profissional, mas a forma como se “sobressai” durante o processo seletivo, pode ser um diferencial para sua contratação.  

Outra questão também muito importante, é sobre o que você faz enquanto não está no mercado de trabalho. Então sugiro o seguinte:

Ê Esteja sempre atualizado:
         *Não espere o mercado de trabalho abrir vagas para se preparar (busque cursos gratuitos presenciais ou online);
         *Não pare de estudar;
         *Leia jornais e revistas.
Ê Dê sempre o seu melhor:
Ê Seja empenhado;
Ê Seja proativo (não fique esperando pelos outros sempre, se você sabe fazer, faça);
Ê Tenha uma lista de contatos (pessoas que você conheceu em feiras de empregabilidade, em cursos que fez)
Ê Cuide de sua reputação (cuidado com o que posta em redes sociais);
OBS.: Nossas redes sociais dizem mais sobre nós, que os currículos que entregamos nas empresas. Alguns gostam de postar frases do tipo: “Odeio segunda feira”, “Detesto acordar cedo” ou ainda “chefe é igual a nuvem, quando vai embora o dia fica lindo”. Lembrem-se que é este tipo de profissional que você  está divulgando, ou seja, alguém que curte tanto o final de semana que  segunda feira não é dia de trabalhar, e sim descansar do fim de semana. Que por detestar acordar cedo, provavelmente irá sempre chegar atrasado ao trabalho. E pior, detesta a presença de um chefe por perto.
Então cuidado com o que posta em suas redes sociais.

Ê Se puder faça estágio, trabalhos voluntários (igrejas, associações de moradores);

Ê Não “atirar para todos os lados” (escolha uma área);
OBS: Escolha uma área de seu interesse e se especialize nela, pois quem faz muitos cursos em áreas muito distintas, pode passar a impressão que está perdido quanto ao seu futuro profissional.
Ê Descubra seu principal talento;
Ê Faça amigos (converse sobre suas intenções profissionais);
OBS.: Quanto mais pessoas souberem sobre suas intenções de trabalho, sobre o que procura, mais poderão te ajudar quando souberem de alguma oportunidade de emprego, de algum local que esteja recebendo currículos.
Ê Quando for chamado para uma entrevista pesquise antes sobre a empresa;
OBS.: Acesse o site da empresa, busque informações sobre o ramo de atuação, em quais cidades, países ela tem filiais. Assim você demonstrará durante a entrevista seu interesse na empresa, assim como ela teve interesse em você.
Ê Seja você mesmo;
Ê Não desista se não for aprovado no processo seletivo – Lembre-se: a concorrência é grande
Ê Não existe fórmula mágica;
Ê Inscreva seu currículo em sites gratuitos de busca de empregos;
Ê Mostre atitude;
Ê Seja positivo (não reclame de tudo o tempo todo).
Ê E por último e não menos importante:

Invista em você, não permita que a crise atinja seus objetivos profissionais.”




sexta-feira, 23 de junho de 2017

Panorama Histórico Sobre Pessoas com Deficiência - Parte III

Pessoal.... última parte da publicação da minha amiga Aldeci sobre o Panorama Histórico da Pessoa com Deficiência! Aproveitem a leitura! E como sempre peço, compartilhem em suas redes sociais, com amigos! Vamos espalhar conhecimento, agregar valores sobre o ser humano a seus iguais!
Bjs


Surge o BRAILLE
No Século XIX, em 1819, Charles Barbier (1764-1841), um capitão do exército francês, atendeu a um pedido de Napoleão e desenvolveu um código para ser usado em mensagens transmitidas à noite durante as batalhas. Em seu sistema uma letra, ou um conjunto de letras, era representada por duas colunas de pontos que por sua vez se referiam às coordenadas de uma tabela. Cada coluna podia ter de um a seis pontos, que deveriam estar em relevo para serem lidos com as mãos. O sistema foi rejeitado pelos militares, que o consideraram muito complicado.
Barbier então apresentou o seu invento ao Instituto Nacional dos Jovens Cegos de Paris. Entre os alunos que assistiram a apresentação encontrava-se Louis Braille (1809- 1852), então com quatorze anos, que se interessou pelo sistema e apresentou algumas sugestões para seu aperfeiçoamento. Como Barbier se recusou a fazer alterações em seu sistema, Braille modificou totalmente o sistema de escrita noturna criando o sistema de escrita padrão – o BRAILLE – usado por pessoas cegas até aos dias de hoje.
O BRAILLE é lido da esquerda para a direita, com uma ou ambas as mãos. Cada célula permite 63 combinações de pontos. Podem-se designar combinações de pontos para todas as letras e para a pontuação da maioria dos alfabetos. Vários idiomas usam o BRAILLE. Pessoas com prática conseguem ler até 200 palavras por minuto
O Século XIX, ainda com reflexos das idéias humanistas da Revolução Francesa, ficou marcado na história das pessoas com deficiência.
Grupos de pessoas organizam-se em torno da reabilitação dos feridos para o trabalho, principalmente nos Estados Unidos e  Alemanha.
Napoleão Bonaparte determinava expressamente a seus generais que reabilitassem os soldados feridos e mutilados para continuarem a servir o exército em outros ofícios como o trabalho em selaria, manutenção dos equipamentos de guerra, armazenamento dos alimentos e limpeza dos animais. Nasce com ele a idéia de que os ex-soldados eram ainda úteis e poderiam ser reabilitados.
Essa idéia de reabilitação foi compreendida em 1884 pelo Chanceler alemão Otto Von Bismark, que constitui a lei de obrigação à reabilitação e readaptação no trabalho.
No Brasil, por insistência do Imperador Dom Pedro II (1840-1889), seguia-se o movimento europeu e era criado o Imperial Instituto dos Meninos Cegos (atualmente Instituto Benjamin Constant), por meio do Decreto Imperial nº 1.428, de 12 de Setembro de 1854. Três anos depois, em 26 de setembro de 1857, o Imperador, apoiando as iniciativas do Professor francês Hernest Huet, funda o Imperial Instituto de Surdos Mudos (atualmente Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES) que passou a atender pessoas surdas de todo o país, a maioria abandonada pelas famílias.

Leitura feita em Braille


terça-feira, 20 de junho de 2017

Tentando entender

Um Domingo desses fui passear com umas amigas no Shopping São Gonçalo. Após a saga de minha amiga pela busca da cadeira de rodas (já falei sobre isso em postagem anterior), fomos passear. Estávamos no Segundo Piso, pois acessei o shopping pela entrada lateral. Após almoçarmos, fomos dar uma volta para comprar alguns itens, porém, a loja que precisávamos ir, ficava no Primeiro Piso do Shopping. E foi aí que fiz mais uma descoberta, sobre a praticidade em se andar de cadeira de rodas pelo estabelecimento.
Deduzi que o acesso ao elevador seria algo simples, algo do tipo seguir as placas indicativas, entrar no elevador e descer no piso desejado. Mais ou menos, pois descobri que o elevador não dá acesso direto às lojas, na verdade, ele para em um local que não sei identificar ao certo, me pareceu um local de descarga de mercadorias da loja, com piso no cimento bruto, algumas salas de depósito de algumas lojas, alguns carros particulares estacionados, se não me engano, dois portões de ferro grandes. Ah esqueci de mencionar um balcão de informações (não entendi porque o balcão de informações estava localizado naquele lugar estranho e vazio,, pensei que poderia ter mais serventia se estivesse dentro do shopping mesmo) onde um funcionário da segurança, suponho eu, estava sentado.
Saí do elevador levei aquele susto. Cadê as lojas? O piso brilhoso, pessoas andando para lá e prá? Cadê todo mundo? Por um instante pensei que tinha acessado alguma passagem secreta que pudesse me levar à Nárnia ou a Mansão do Senhor Tony Stark, o Homem de Ferro, ou então fazer uma viagem no tempo e parar na era medieval em um daqueles castelos. Nada disso, a despeito da minha fértil imaginação, estava mesmo no “porão” do Shopping São Gonçalo.
Continuamos nossa epopéia. Seguimos em frente e nos deparamos com uma porta feita em um material parecido com borracha ou algo assim, atravessamos a porta e chegamos à loja que queríamos. Mas eu precisava voltar ao Segundo Piso para ir embora, já que o acesso ao ponto de táxi, fica na saída lateral. Então novamente acessamos a passagem da “Caverna do Dragão” atravessamos, pegamos o elevador e voltamos ao segundo piso.
Minha amiga precisava devolver a cadeira no Primeiro piso, mas como esta agora estava vazia, ela a dobrou e seguiu pela escada rolante para fazer a devolução.
Meus questionamentos:
*Se a construção de um shopping é algo planejado por arquitetos e engenheiros, por que o elevador não dá acesso direto às lojas? (os elevadores que dão acesso ao segundo piso são aqueles que interligam o referido andar com o estacionamento);
*Por que pessoas na cadeira de rodas e mães com carrinhos de bebês precisam passar por esse “labirinto do Fauno”?
Se alguém souber as respostas, é só deixar nos comentários!

Bjs!


A cara de alegria quando vi o local....Reparem ao fundo,que maravilha!

sexta-feira, 16 de junho de 2017

Panorama Histórico sobre Pessoas com Deficiência - Parte II

Oi Pessoal....

Hoje publico a segunda parte do texto da minha amiga Aldeci Costa, sobre a pessoa com deficiência na história. O texto foi dividido em 3 partes. Então curtam bastante o texto, façam perguntas se quiserem, compartilhem com os amigos, pois o nosso objetivo é levar informação para muitas pessoas.


6. Idade Moderna
A Idade Moderna marcou a passagem de um período de extrema ignorância para o nascer de novas idéias.
O período mais festejado é o que vai até o Século XVI, com o chamado Renascimento das artes, da música e das ciências, pois revelaram grandes transformações, marcada pelo humanismo.
*Métodos de Comunicação para Pessoas Surdas > Gerolamo Cardomo (1501 a 1576), médico e matemático inventou um código para ensinar pessoas surdas a ler e escrever, influenciando o monge beneditino Pedro Ponce de Leon (1520-1584) a desenvolver um método de educação para pessoa com deficiência auditiva, por meio de sinais. Esses métodos contrariaram o pensamento da sociedade da época que não acreditava que pessoas surdas pudessem ser educadas.
Gerolamo  Cardomo, matemático e inventor de um método para ensinar pessoas surdas a ler e escrever. Pedro Ponce de Leon , cria método para ensinar pessoas surdas.
Em 1620 na Espanha, Juan Pablo Bonet (1579-1633), escreveu sobre as causas das deficiências auditivas e dos problemas da comunicação, condenando os métodos brutais e de gritos para ensinar alunos surdos. Pablo Bonet demonstra pela primeira vez o alfabeto na língua de sinais.
Na Inglaterra John Bulwer (1600 a 1650), defendeu um método para ensinar aos surdos a leitura labial, além de ter escrito sobre a língua de sinais.
Método cirúrgico para amputações:
Ambroise Paré (1510-1590), médico francês do Renascimento, atendia no campo de batalha e se dedicou a encontrar a cura para os ferimentos de guerra que causavam amputações. Aperfeiçoou os métodos cirúrgicos para ligar as artérias, substituindo as cauterizações com ferro em brasa e com azeite fervente. Foi grande a sua contribuição na criação de próteses.
Morte por afogamento às pessoas com deficiência mental:
No Século XV o Príncipe de Anhalt, na Alemanha saxônica, desafiou publicamente o reformador religioso Martinho Lutero, não cumprindo sua ordem de afogar crianças com deficiência mental. Lutero afirmava que estas pessoas não possuíam natureza humana e eram usadas por maus espíritos.
Durante os séculos XVII e XVIII houve grande desenvolvimento no atendimento às pessoas com deficiência em hospitais. Havia assistência especializada em ortopedia para os mutilados das guerras e para pessoas cegas e surdas.
Philippe Pinel (1745-1826) explicou que pessoas com perturbações mentais devem ser tratadas como doentes, ao contrário do que acontecia na época, quando eram tratados com violência e discriminação.








quinta-feira, 8 de junho de 2017

A Reatech, Novas Tecnologias e a PcD

Semana passada tive o privilégio de participar de mais uma edição da Reatech, uma Feira Internacional que acontece a cada dois anos em São Paulo, onde são apresentadas novas tecnologias para pessoas com deficiência, visando melhor qualidade de vida para este público.
Digo sempre que, com todos os problemas que enfrento por causa do preconceito, falta de acessibilidade, e até mesmo falta de educação por parte de alguns, por conta da minha deficiência; sou uma pessoa privilegiada, pois trabalho no que gosto, e quando isso acontece, somos presenteados com algumas ações que muito nos acrescenta à vida, e participar da Reatech, é uma delas, pelo menos para mim, que não apenas trabalho com e pela inclusão, mas vivo isso na pele, todos os dias.
Participar da Reatech deveria fazer parte do “currículo” de vida de todas as pessoas, independente se PcD ou não. Pois neste evento é possível perceber a perplexidade de alguns ao presenciarem o que uma pessoa com deficiência pode fazer se tiver, se derem, condições para isso. Atestar que surdos, cedos, paraplégicos, tetraplégicos, amputados são pessoas que realizam suas atividades de acordo com suas condições, que não há incapacitados quando os recursos estão a mão.  
Me emociono, me encanto com tantas novidades. As cadeiras de rodas, lindas com suas cores e modelos diversificados, onde se é capaz de olhar tal equipamento e entender que ele faz parte do corpo de uma pessoa e, entender isso não mais com um olhar de piedade, mas de liberdade. Isso para mim é fantástico.
Poder admirar a alegria de uma criança cadeirante por poder levar em todos os lugares seu super herói favorito estampado na roda de sua cadeira, de ver seus amiguinhos não PcD's querendo uma igualzinha, e perguntar aos pais "por que eu não tenho uma dessas?". É perceber a liberdade de correr com suas pernas “circulares” avançando para onde lhe dá vontade.
Órteses e próteses elaboradas com materiais mais leves e confortáveis, diminuindo assim as dores e cansaço e algumas feridas que o uso obrigatório destes, diariamente nos ocasiona.
Tetraplégicos em suas cadeiras que lhes garantem autonomia de idas e vindas sem precisar de alguém o empurrando sempre.
Cadeiras que se elevam, deixando cadeirantes praticamente em pé, podendo assim alcançar objetos que estejam mais altos, dentre outras possibilidades. Cadeiras motorizadas que permite ao cadeirante sentir o vento tocar seu rosto livremente, enquanto se movimenta. Enfim, é um mundo de novas possibilidades para aqueles que são coibidos pela falta de acessibilidade que domina a sociedade em que vivemos, a viver uma vida mais plena.
Mas tantas maravilhas esbarra em uma realidade cruel, a falta de recursos financeiros para aquisição de tecnologias tão “TOP” e necessárias. Os preços não são acessíveis a todos. Cadeiras de rodas de qualidade não são baratas, órteses e próteses também não.
        E infelizmente aqueles que mais precisam dessas novas tecnologias, em grande número, são aqueles que recebem o BPC – Benefício de Prestação Continuada, do governo federal, que equivale a um salário mínimo, e que alguns complementam a renda familiar com essa quantia, ou ainda, sustentam a família com este recurso. Como comprar uma cadeira de rodas de qualidade que custa em média 5 mil reais? Você pode dizer, mas, existe o financiamento do Banco do Brasil para compra de equipamentos para PcD com juros mais baixos. Ok, mas ainda assim, é uma realidade bem distante do que realmente está ao alcance de quem precisa.
        Um outro lado, que esta feira nos mostra é que os grandes empresários, percebem que a PcD é consumidora também, e que mais do que comprar por comprar. Compramos porque TEMOS que comprar. Comprar determinado acessório ou equipamento é questão de necessidade para nós. Investir neste público com diversidade de produtos, equipamentos atrativos visualmente, esteticamente confortáveis e bonitos é algo fantástico para nós. E isso é muito importante, pois, como já falei em outras postagens, esses equipamentos são partes integrantes de nossos corpos. E assim, como vocês gostam de se vestir e sentir-se bonitos, elegantes, nós também, queremos que nossas órteses sejam confortáveis e lindas ao mesmo tempo, pois isto nos faz bem, ajuda a elevar nossa auto estima, por vezes tão massacrada pelas impossibilidades impostas no dia a dia.
Por muitos anos fiz uso de um aparelho ortopédico pesado, bruto, com botas que mais se assemalhavam a um cuturno, me sentia as vezes “descombinante” quando usava vestidos de festas e aquela bota horroroza na maioria das vezes marrom, sim, pois não tinha muitas variedades nas cores, você podia optar por preta, branca ou marrom. Quando fiz 18 anos  fiquei muito feliz em saber que poderia usar tênis e não mais aquela bota feiaaaa e caríssima...rsrsrsrs!!! Já  era um avanço! E mais tarde fui acrescentando sapatos fechados, e até mesmo saltos. Um sonho, uma maravilha!
Ano passado troquei o velho aparelho por um modelo mais recente, com menos correias de couro “me amarrando” me ferindo pelo uso diário e contínuo. Esteticamente agressivo de se olhar.
Hoje gosto muitooooo do que uso, pois pude escolher a “estampa”, meu aparelho ortopédico, é a minha perna tatuada, leve,confortável, bonita...sim..para mim ela é linda! Não foi barato, parcelei em algumas prestações. Mas, ainda assim, agradeço a Deus por ter condições de comprar o que para mim representa autonomia, liberdade. Agradeço por ter acesso a essa tecnologia mais recente, que me proporciona qualidade de vida.
Minha torcida é que outras PcD’s entrem para o mercado de trabalho, que sejam reconhecidos, que  recebam salários justos para que tenham acesso a recursos financeiros para adquirirem equipamentos, acessórios que melhorem suas vidas, e que tragam sempre em seus rostos sorrisos pelas conquistas e gratidão pela vida tão linda que Deus a cada um concede. 

Bjs....



Balanço para cadeirantes



Carros adaptados em Auto Escola

               


Um Avatar

Pode até parecer pouca a diferença, mas para quem usa,ela é gigante.

sexta-feira, 26 de maio de 2017

Você sabe o que é Capacitismo? Já ouviu falar?

Capacitismo é a discriminação, preconceito social com relação às PcD - Pessoas com Deficiência.
Um exemplo de capacitismo é ignorar uma PcD quando está acompanhada, dirigindo-se a seu acompanhante diretamente, como se a PcD não estivesse ali. O conceito de capacitismo traduz a idéia de que pessoas com deficiência são inferiores se comparadas às que não tem uma deficiência. Significa dizer que, quem tem deficiência é menos apto a executar qualquer função ou ser protagonista de sua própria história.
O capacitismo trás sempre uma ação paternalista e/ou assistencialista para com as PcD’s. vendo-nos sempre como frágeis, vulneráveis, que SEMPRE necessitaremos de amparo social.
Uma outra manifestação de capacitismo é atribuir à deficiência á algum castigo divino. É acreditar que a deficiência é sempre algo muito ruim, maligno, que não permite que pessoas que as tenha sejam felizes.
Uma outra forma de capacitismo, é uma admiração excessiva com relação as conquistas de uma PcD. Isso “pode” (não estou afirmando que seja, mas que PODE) significar, que nem você acreditava na possibilidade real de tal conquista.
O capacitismo é para a Pessoa com Deficiência, o mesmo que o racismo é para o negro, e o machismo para as feministas.
Na prática, ser capacitista é usar termos como “caramba, como você consegue?”, ou “eu não conseguiria viver com essa deficiência”, ou “tadinho”, ou “que pena de fulano” etc. Na verdade, mesmo sem ter a intenção, você está destacando a deficiência da pessoa, está admirado por ela ter vencido mesmo tendo uma deficiência.
Stella Young uma jornalista cega, certa vez disse: “Quero viver num mundo em que não se tenha expectativas tão baixas a respeito das pessoas com deficiência, que não sejamos parabenizados por levantarmos da cama de manhã.”
Sempre digo, respeite as deficiências, mas não subestime a pessoa que trás consigo a deficiência.
Não somos inferiores, não existe uma casta, uma hierarquia quanto à espécie humana. Não existe um único padrão de corpo funcional. Esta idéia de que o diferente é menos, é algo absurdamente covarde e doentio. Fazemos nossa rotina com os meios que criamos, fazemos diferente do convencional, só isso.
O capacitismo é preconceito camuflado de boas intenções.
O capacitismo SEMPRE será uma visão distorcida da pessoa com deficiência: Ou a PcD será sempre um “coitadinho” na sociedade, ou o super herói, o exemplo a ser seguido sempre. E assim os estereótipos vão sendo criados em torno da pessoa com deficiência.
Quer um exemplo de um “mau necessário” criado por causa do capacitismo? FILAS PREFERÊNCIAIS. Não seria necessário criar atendimentos preferênciais para as PcD’s se houvesse mais amor ao próximo, mais respeito e mais empatia. Se as pessoas entendessem a necessidade de ceder sua vez nas filas por conta de uma dificuldade que alguém com deficiência física possui em permanecer em igual período na espera.
 Eu poderia citar aqui muitos outros exemplos, mas deixo como exercício para que vocês pensem em outros mais.
Então é isso gente. Me admire por minha garra, por minha determinação, por minhas conquistas, mas não porque as alcancei mesmo tendo uma deficiência. Pois, tenho amigos e amigas que não são PcD’s, que tiveram suas dificuldades, mas conquistaram seus objetivos.
Meu pedido?
Não sejam capacitistas! Antes, me ajudem a lutar por uma sociedade mais justa, com acessibilidade nas vias públicas, transportes públicos, nas escolas e universidades, no mercado de trabalho, com mais respeito pelo ser humano. Pois são as dificuldades impostas pela sociedade que nutre o capacitismo. Se nos fossem oferecidas condições que respeitassem nossas deficiências, não precisaríamos nem mesmo de tratamento preferencial.
Bjs!