Vê Legentil

sexta-feira, 26 de maio de 2017

Você sabe o que é Capacitismo? Já ouviu falar?

Capacitismo é a discriminação, preconceito social com relação às PcD - Pessoas com Deficiência.
Um exemplo de capacitismo é ignorar uma PcD quando está acompanhada, dirigindo-se a seu acompanhante diretamente, como se a PcD não estivesse ali. O conceito de capacitismo traduz a idéia de que pessoas com deficiência são inferiores se comparadas às que não tem uma deficiência. Significa dizer que, quem tem deficiência é menos apto a executar qualquer função ou ser protagonista de sua própria história.
O capacitismo trás sempre uma ação paternalista e/ou assistencialista para com as PcD’s. vendo-nos sempre como frágeis, vulneráveis, que SEMPRE necessitaremos de amparo social.
Uma outra manifestação de capacitismo é atribuir à deficiência á algum castigo divino. É acreditar que a deficiência é sempre algo muito ruim, maligno, que não permite que pessoas que as tenha sejam felizes.
Uma outra forma de capacitismo, é uma admiração excessiva com relação as conquistas de uma PcD. Isso “pode” (não estou afirmando que seja, mas que PODE) significar, que nem você acreditava na possibilidade real de tal conquista.
O capacitismo é para a Pessoa com Deficiência, o mesmo que o racismo é para o negro, e o machismo para as feministas.
Na prática, ser capacitista é usar termos como “caramba, como você consegue?”, ou “eu não conseguiria viver com essa deficiência”, ou “tadinho”, ou “que pena de fulano” etc. Na verdade, mesmo sem ter a intenção, você está destacando a deficiência da pessoa, está admirado por ela ter vencido mesmo tendo uma deficiência.
Stella Young uma jornalista cega, certa vez disse: “Quero viver num mundo em que não se tenha expectativas tão baixas a respeito das pessoas com deficiência, que não sejamos parabenizados por levantarmos da cama de manhã.”
Sempre digo, respeite as deficiências, mas não subestime a pessoa que trás consigo a deficiência.
Não somos inferiores, não existe uma casta, uma hierarquia quanto à espécie humana. Não existe um único padrão de corpo funcional. Esta idéia de que o diferente é menos, é algo absurdamente covarde e doentio. Fazemos nossa rotina com os meios que criamos, fazemos diferente do convencional, só isso.
O capacitismo é preconceito camuflado de boas intenções.
O capacitismo SEMPRE será uma visão distorcida da pessoa com deficiência: Ou a PcD será sempre um “coitadinho” na sociedade, ou o super herói, o exemplo a ser seguido sempre. E assim os estereótipos vão sendo criados em torno da pessoa com deficiência.
Quer um exemplo de um “mau necessário” criado por causa do capacitismo? FILAS PREFERÊNCIAIS. Não seria necessário criar atendimentos preferênciais para as PcD’s se houvesse mais amor ao próximo, mais respeito e mais empatia. Se as pessoas entendessem a necessidade de ceder sua vez nas filas por conta de uma dificuldade que alguém com deficiência física possui em permanecer em igual período na espera.
 Eu poderia citar aqui muitos outros exemplos, mas deixo como exercício para que vocês pensem em outros mais.
Então é isso gente. Me admire por minha garra, por minha determinação, por minhas conquistas, mas não porque as alcancei mesmo tendo uma deficiência. Pois, tenho amigos e amigas que não são PcD’s, que tiveram suas dificuldades, mas conquistaram seus objetivos.
Meu pedido?
Não sejam capacitistas! Antes, me ajudem a lutar por uma sociedade mais justa, com acessibilidade nas vias públicas, transportes públicos, nas escolas e universidades, no mercado de trabalho, com mais respeito pelo ser humano. Pois são as dificuldades impostas pela sociedade que nutre o capacitismo. Se nos fossem oferecidas condições que respeitassem nossas deficiências, não precisaríamos nem mesmo de tratamento preferencial.
Bjs!

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Panorama Histórico sobre Pessoas com Deficiência


Oi pessoal...hoje a postagem em meu blog, é uma contribuição da minha amiga Aldeci Costa que também é Pessoa com Deficiência e escreveu o texto abaixo em pesquisa de cunho pessoal realizada por ela,também com o intuito de levar informações àqueles que tem curiosidade sobre o tema. 

Façam todos uma ótima leitura!!!!!

Bjs!



Os estudos sobre o direito das pessoas com deficiência não estão dissociados dos fatos históricos, reveladores que são da evolução da sociedade e da conseqüente edição de suas leis.
1. A vida primitiva do homem
Não se têm indícios de como os primeiros grupos de humanos na Terra se  comportavam em relação às pessoas com deficiência. Tudo indica que essas pessoas não sobreviviam ao ambiente hostil da Terra.
2. No Egito Antigo
Evidências arqueológicas nos fazem concluir que no Egito Antigo, há mais de cinco mil anos, a pessoa com deficiência integrava-se nas diferentes e hierarquizadas classes sociais (faraó, nobres, altos funcionários, artesãos, agricultores, escravos).
A arte egípcia, os afrescos, os papiros, os túmulos e as múmias estão repletos dessas revelações. Os estudos acadêmicos baseados em restos biológicos, de mais ou menos 4.500 a.C., ressaltam que as pessoas com nanismo não tinham qualquer impedimento físico para as suas ocupações e ofícios, principalmente de dançarinos e músicos.
Egito Antigo foi por muito tempo conhecido como a Terra dos Cegos porque seu povo era constantemente acometido de infecções nos olhos, que resultavam em cegueira.
A pessoa com deficiência física, tal como o Porteiro de Roma (arte) de um dos templos de deuses egípcios, exercia normalmente suas atividades.
A imagem indica, segundo os médicos especialistas, que os romanos também tiveram poliomielite.
3. Na Grécia
Platão, no livro A República, e Aristóteles, no livro A Política, trataram do planejamento das cidades gregas indicando as pessoas nascidas “disformes” para a eliminação. A eliminação era por exposição, ou abandono ou, ainda, atiradas do aprisco de uma cadeia de montanhas chamada Taygetos, na Grécia.
Em Esparta os gregos se dedicavam à arte da guerra. Pelos costumes espartanos, os nascidos com deficiência eram eliminados, só os fortes sobreviviam para servir ao exército de Leônidas.

Dentre os poetas gregos o mais famoso é Homero que, pelos relatos, era cego e teria vivido em época anterior a VII a.C..
4. Em Roma
As leis romanas da Antiguidade não eram favoráveis às pessoas que nasciam com deficiência. Aos pais era permitido matar as crianças que com deformidades físicas, pela prática do afogamento. Relatos nos dão conta, no entanto, que os pais abandonavam seus filhos em cestos no Rio Tibre, ou em outros lugares sagrados. Os sobreviventes eram explorados nas cidades por “esmoladores”, ou passavam a fazer parte de circos para o entretenimento dos abastados.
Foi no vitorioso Império Romano que surgiu o cristianismo. A nova doutrina voltava-se para a caridade e o amor entre as pessoas. As classes menos favorecidas sentiram-se acolhidas com essa nova visão. O cristianismo combateu, dentre outras práticas, a eliminação dos filhos nascidos com deficiência. Os cristãos foram perseguidos porém, alteraram as concepções romanas a partir do Século IV. Nesse período é que surgiram os primeiros hospitais de caridade que abrigavam indigentes e pessoas com deficiências.
Em Alexandria foi criada a primeira universidade de estudos filosóficos e teológicos de grandes mestres. Dentre eles, Dídimo, o Cego, conhecia e recitava a Bíblia de cor. No período em que começava a ler e escrever aos cinco anos de idade, Dídimo perdeu a visão mas, continuou seus estudos, tendo ele próprio gravado o alfabeto em madeira para utilizar o tato.
5. Na Idade Média
Os períodos marcados pelo fim do Império Romano (Século V, ano 476) e a Queda de Constantinopla (Século XV, em 1453); A população ignorante encarava o nascimento de pessoas com deficiência como castigo de Deus. Os supersticiosos viam nelas poderes especiais de feiticeiros ou bruxos. As crianças que sobreviviam eram separadas de suas famílias e quase sempre ridicularizadas.
O rei Luís IX, cujo reinado ocorreu entre 1214 e 1270, fundou o primeiro hospital para pessoas cegas, o Quinze-Vingts. Quinze- Vintes significa 15 x 20 = 300. Era o número de cavaleiros cruzados que tiveram seus olhos vazados na 7ª Cruzada.

                                                                                                                          Autora Aldeci Costa

A pessoa com deficiência física, tal como o Porteiro de Roma de um dos templos de deuses egípcios, exercia normalmente suas atividades, conforme revela a Estela votiva da XIX Dinastia e originária de Memphis, que pode ser vista no Museu Ny Carlsberg Glyptotek, em Copenhagen, Dinamarca. Essa pequena placa de calcário traz a representação de uma pessoa com deficiência física, sua mulher e filho, fazendo uma oferenda à deusa Astarte, da mitologia fenícia. A imagem indica, segundo os médicos especialistas, que Roma teve poliomielite.





terça-feira, 16 de maio de 2017

Posso te dar umas dicas?

Olá.....hoje em minha postagem darei algumas dicas sobre como ajudar uma PcD.  Mas também explicarei os motivos, para cada dica apresentada.
Algumas pessoas querem ajudar, mas não sabem como, outras querem ajudar, mas tem “medo” de levar um “fora”, dizem que já tentaram ajudar algumas vezes, mas não foram bem sucedidos..rsrsrrs!
As Dicas são bem simples, mas pode facilitar bastante a vida das pessoas com deficiência e também daqueles que querem ajudar.
O foco das minhas dicas será a deficiência física motora...Então vamos começar.

Obs.: As dicas não estão expostas em ordem de importância, ok!

1-   Ao encontrar uma pessoa em dificuldade, ofereça ajuda.
 Caso ela aceite a sua ajuda, SEMPRE pergunte antes qual a melhor forma de ajudar. Somente ajudar não é o fundamental, o que mais importa é a forma como irá nos ajudar. Sabemos das nossas dificuldades, então para que a sua ajuda seja realmente eficaz, nos pergunte como fazer, pois te passaremos todas as orientações possíveis. Pois, pode acontecer que, na ânsia de ajudar você sem intenção acabe atrapalhando a pessoa, ou até mesmo causando um acidente, como uma queda ou algo semelhante. Só para exemplificar vou contar o que já aconteceu comigo. Certa vez, ao tentar subir em um ônibus como sempre fiz, fui interrompida por uma pessoa cheia de boa vontade, porém, sem nenhum conhecimento. Ela não perguntou se eu precisava de sua ajuda, muito menos como poderia me ajudar. Então ela puxou meu braço o que fez com que eu perdesse meu equilíbrio e escorregasse pelos degraus do ônibus. Isso acasionou em mim uma distensão muscular devido à força com  a qual  ela  puxou meu braço e ainda ralei minha perna  durante a queda. Ela só soltou meu braço quando eu  gritei dizendo que eu não precisava de sua ajuda, que conseguia subir sozinha (usando um tom de voz natural, a pessoa não atendia meu pedido). Ela ficou chateada e ainda me chamou de orgulhosa por não aceitar sua ajuda..aff...Ah se ela soubesse a dor que me causou...rsrsrsrs!!! Então pessoal, é primordial que, caso aceitemos sua ajuda, SEMPRE nos pergunte como ajudar!
2-   Não se ofenda se sua ajuda for recusada, nem sempre ela será necessária.
Desde muito cedo aprendemos a ser independentes, pois temos a consciência que nem sempre teremos alguém para nos auxiliar. Sem  falar que  autonomia é tudo de bom. Eu gosto de ser independente.  Aprendi a me “virar sozinha” desde muito nova, o que só me fez bem. Então, por favor, não entenda como orgulho, ou “leve para o coração” esta recusa como algo pessoal. Apenas estamos exercitando nossa independência dentro das possibilidades que temos e que demoramos tanto para conquistar.
3-   Não mude de lugar as muletas ou bengalas sem a nossa permissão.
Elas são partes integrantes de nosso corpo,  extensão nossa, como já mencionei em postagem anterior. Sem elas não andamos. Caso haja uma situação de perigo/urgência de recuada do local onde estejamos, se a muleta estiver afastada, como iremos nos locomover? Pois é certo que, na hora do perigo é cada um por si não é mesmo?...rsrsrsrs!!!! Alguém se lembrará de pegar as muletas de alguém primeiro para depois se salvar?..rsrsrsrs...Será? Será?
4-   Ao encontrar uma PcD aja com naturalidade, sinceridade e bom humor.
Lembre-se: Pessoas com deficiência, são antes de mais nada, PESSOAS. Então, nada de olhar com piedade, nada de nos tratar como coitadinhos, nada de nos impedir de fazer alguma coisa, pois, se não pudermos fazê-lo, sinalizaremos.  Respeite nossa deficiência, mas não nos defina por ela.
5-   Se estiver acompanhando uma pessoa que ande de devagar (tipo eu..rsrsrs), procure acompanhar seu ritmo.
 Na tentativa de querer te acompanhar a PcD poderá perder o equilíbrio, tropeçar e cair. Se você estiver com pressa sinalize esta pessoa que você precisa adiantar seu passo, ou então, preferencialmente saia de casa um pouco mais cedo para que possa acompanhar seu amigo PcD com calma. O bem estar dele algumas vezes dependerá de sua paciência e compreensão. Pois não temos força muscular, equilíbrio e agilidade para caminhar, assim como você tem. Eu por exemplo, preciso fazer algumas paradas para descansar não só as pernas, mas principalmente os braços que ficam muito cansados e as vezes as mãos ficam dormentes por segurar as muletas/bengalas com muita força para me equilibrar nas calçadas esburacadas ou em pisos escorregadios.

Pessoal, como eu havia dito no início essas dicas são bem simples, mas podem fazer grande diferença para quem precisa de sua ajuda e para você que quer e pode ajudar.
Se você já passou por alguma experiência  parecida, se sabe de algum caso, comente,deixa sua opinião,uma sugestão. Vou te responder com o prazer. E não deixem de compartilhar com seus amigos as informações do blog. Conto com sua ajuda para espalhar comigo mais e mais informações sobre as PcDs.

Obrigadaaaaaaa!!!!

sexta-feira, 12 de maio de 2017

A Pessoa com Deficiência através da História

Oiiii...quero dar continuidade a uma postagem na qual o título era “Você sabe mesmo o que é PcD?”.  Naquela postagem abordei alguns termos atribuídos às PcD e porque a maioria desses termos caiu em desuso.
Hoje quero abordar um aspecto mais histórico. Como eu já disse as PcD's sempre foram marginalizadas, nunca nos foi dado o devido valor e respeito enquanto pessoas.
Por vezes fico a imaginar como seria para uma PcD viver na época do Brasil colônia, Brasil Império, só para exemplificar, fico pensando em como seria para mim, usar aqueles vestidos cheio de armação por baixo da saia, me equilibrar nas muletas, me pego rindo sozinha, só de imaginar tal cena, como seria isso..rsrsrsrs!!! Ou ainda subir naquelas carruagens altíssimas, se já passo sufoco nos ônibus, já pensou nas carruagens, e as vias públicas que nem calçamento tinham..É, tempo difíceis, não é mesmo!!! Foi pensando em tudo isso que decidi então dividir com vocês um texto que fez parte do meu trabalho final da pós graduação. Claro que adaptei para o blog, está beeeeemmmm mais compacto que no TCC, mas foi uma forma que encontrei de compartilhar mais um pouquinho desse universo tão peculiar no que se refere as pessoas com deficiência...
Aqui decidi falar somente do Brasil e as PcD's através da história!

Não posso falar de Brasil em tempos primórdios, sem falar nos índios, seus hábitos, costumes e cultura.
Historiadores e antropólogos observaram em seus estudos que cada tribo possuía sua crença e seus rituais religiosos, mas que todas acreditavam no poder da natureza e sua influência em suas vidas no cotidiano. Alguns historiadores descobriram ainda certas peculiaridades dessas tribos, referente a seus comportamentos quando nascia alguma criança com deformidade física. Acreditavam que tal criança pudesse trazer algum tipo de maldição à tribo, e ainda, que essa criança sofreria muito vivendo em sua tribo sem nenhuma condição, além do fato de não poder trazer nenhum sustento aos seus pares, por não poder pescar, caçar etc. Então essas crianças eram oferecidas em sacrifícios.
Outro fator bem interessante quanto a questão da PcD nas tribos, é que alguns tipos de deficiências fossem causados pelo uso do arco, flechas, pelas participações em guerra com tribos rivais.
Progredindo na história, neste aspecto da cultura da exclusão da pessoa com deficiência, podemos citar ainda a “Roda dos Expostos”, que no Brasil exerceu atividade entre os anos de 1726 a 1950, nelas eram postas as crianças enjeitadas por suas famílias, seja por uma gravidez de uma relação extraconjugal, seja pelo fato da criança possuir algum tipo de deficiência, o que poderia ocasionar às famílias de classes mais nobres, comentários maldosos por parte da sociedade, ou mesmo abalar o status da família em questão, por ter em seu seio uma pessoa considerada inválida para os padrões da época. Isso quando as famílias ricas não escondiam seus familiares dito “inválidos” em suas  casas sem acesso aos demais integrantes da família e muito menos à sociedade. A "Roda dos Expostos" constituía-se em uma espécie de cabine construída nos muros dos conventos, onde a mãe, um empregado ou outro familiar, colocava a criança nesta cabine e tocava um sinal, e que estivesse do outro lado do muro ao ouvir o sino, girava a tal roda e tinha acesso a criança, sem mesmo saber quem a tinha deixado ali.
Acrescentando mais um aspecto referente às pessoas com deficiência no Brasil, diz respeito a escravidão. Em que os negros vinham da África em navios negreiros, em condições subumanas, ainda sem falar no tratamento dado a estes por seus senhores, principalmente aos negros “fujões”, que dependendo da pena aplicada poderia causar naquele negro algum tipo de sequela física ou mesmo visual, além das punições por não executarem seus serviços como deveriam.
É importante mencionar ainda que a falta de higiene pessoal, de saneamento básico, bem comum no período do Brasil colônia, e que se estendeu por outros períodos da história do Brasil, também constituía-se um fator importante à propagação de vírus, principalmente da poliomielite (paralisia infantil), onde uma de suas formas de infecção dava-se do contato do indivíduo com fezes e/ou água contaminada pelo vírus, tendo como sua principal vítima as crianças. (a poliomielite foi erradicada no Brasil somente na década de 1990).
O Brasil foi o primeiro país da América Latina a oferecer algum tipo de atendimento às Pessoas com Deficiência, quando criou o Instituto dos Meninos Cegos (Atual Benjamin Constant) e ainda o Imperial Instituto dos Surdos-Mudos (atual Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES), ambos na época do Brasil Império.
Em 1975 foi proclamado pela Assembléia Geral da ONU a “Declaração dos Direitos das Pessoas deficientes”, e 1981 foi aprovado como o “Ano Internacional das Pessoas Deficientes”. A partir de então, não só a sociedade em geral passou a perceber e respeitar, a pessoa com deficiência, como, principalmente a PcD passou a ter consciência de si própria, passando então a se organizar em grupos e associações.
1981 foi um marco no que diz respeito às pessoas com deficiência. A partir de então, muitas  mudanças aconteceram quanto aos Direitos da PcD e seu papel na sociedade.
Apesar dos avanços culturais, legais, educacionais. Apesar do Brasil ter sido um pioneiro na questão da PcD desde a época do Império, nossa realidade ainda hoje, em pleno século XXI, ainda é muito desigual se comparada às pessoas que não tem deficiência.
Apesar da erradicação da poliomielite, da medicina ter dado um salto significativo com relação a alguns tipos de deficiência, o número de PcD no Brasil é muito alto, e as condições de vida para sua maioria ainda é precária.  
Outros fatores assumem papel de destaque no aumento desse número de indivíduos com deficiência no país, como o aumento da violência (bala perdida, vítimas de assalto que são baleadas e ficam com algum tipo de sequela), acidentes automobilísticos, sem falar ainda que  existe a questão de que, por muitos anos alguns tipos de deficiência nem mesmo eram consideradas como tal, como por exemplo o autismo, o monocular, a pessoa com baixa visão severa, nascimento de crianças com microcefalia atribuído ao Zicavírus,  dentre outras.
Acesso digno à saúde, educação, mercado de trabalho alteraria de forma significativa o papel da pessoa com deficiência na sociedade, que passaria então a assumir o protagonismo de sua vida.
Para encerrar gostaria de sugerir alguns livros que muito contribuiu para meu conhecimento acadêmico sobre o tema Pessoa com Deficiência. São eles:
*A Epopéia Ignorada, de Otto Marques Silva. Editora: Faster, 2008;
*Caminhando em Silêncio, de Emílio Figueira. Editora Giz, 2009;
*O que São Pessoas Deficientes, de João B. Cintra Ribas, 2003.







segunda-feira, 8 de maio de 2017

Você sabe mesmo o que é PcD?

Como vocês sabem meu blog não tem grandes pretensões, a não ser mostrar um pouco do meu dia a dia como PcD e com isso levar um pouquinho  de informação sobre nossa realidade, com o intuito de ajudar a formar uma sociedade mais justa para todos, onde aqueles que não tem a oportunidade de conviver com uma PcD diariamente, possam nos conhecer melhor e também a não se sentirem fragilizados quando se depararem com uma pessoa com deficiência, ou mesmo perdidos diante da situação, e torço para que encontros assim se tornem rotineiros. Só o convívio pode nos aproximar de verdade, então enquanto isso vou fazendo minha parte, tentando contribuir com um pouquinho de conhecimento adquirido ao longo dos anos , na teoria e na prática.
Então hoje decidi contar um pouco da trajetória da Pessoa com deficiência através da história, porém de forma breve, já que o tema é bem extenso.
Vou começar falando sobre os termos atribuídos a nós pessoas com deficiência. Em postagens futuras abordarei outros aspectos de nossa trajetória.
É sabido que sempre fomos marginalizados, ou seja, que sempre fomos tratados à margem da sociedade. Em tempos mais remotos nem éramos considerados pessoas, mas graças a Deus que os anos se passaram, novas descobertas foram feitas a nosso respeito, novos conhecimentos foram adquiridos, e com isso alguns termos, nomes designados à nos identificar também foram modificados.
Cada termo teve seu valor/significado em cada tempo que foi utilizado. Fazer uso de alguns deles hoje em dia, porém, não é adequado, pois muitos deles tornaram-se pejorativos e outros ainda limitam a pessoa com deficiência como ser humano. Eis alguns desses termos:

1-  Inválido: Que não tem validade, que não é aceito. Fraco, débil, que não pode trabalhar -Por isto, este termo caiu em desuso;

2-  Defeituoso: Que apresenta defeito, imperfeito.
Gostaria de fazer duas observações aqui quanto a este termo:

 1ª - Defeito quem tem são máquinas, equipamentos , que quando você compra e ele apresenta um defeito você vai à loja e troca por outro equipamento idêntico,porém que funcione adequadamente. Se então relacionarmos este conceito às pessoas, você teria coragem de se desfazer de um filho, um irmão, um pai, uma mãe, até mesmo um amigo, trocando-o por outra pessoa que você nem conhece só porque ela tem um “defeito”?
- Se defeito estiver relacionado ao ser um humano, é bom lembrar que defeito, todos nós temos, e alguns com defeitos de caráter, que nada tem a ver com deficiência. -Por isto,este termo caiu em desuso;

3-  Pessoa Deficiente: Talvez assim ao primeiro olhar, para você, este termo possa ser o mais adequado ao se referir a uma PcD, só que não. Pois, quando você diz “pessoa deficiente” na verdade você está comprometendo todo ser humano com suas complexidades, sua forma de amar, de se relacionar com os outros, de tomar decisões. Você diz que toda essa pessoa é deficiente em cada área de sua vida, tudo está comprometido por sua deficiência. Independente do tipo de deficiência que ela possua. -Por isto, este termo caiu em desuso;

4-  Pessoas com Necessidades Especiais – É um termo que até parece fofo, carinhoso. Mas na verdade, independente da deficiência, todos temos alguma necessidade especial. Por exemplo: Um míope tem a necessidade de usar óculos para enxergar melhor, mas isto não faz dele uma pessoa com deficiência. Outro exemplo, um idoso que precisa utilizar bengalas por sua mobilidade reduzida, pela falta de força muscular para caminhar livremente, não é considerado PcD, dentre outros exemplos. Então, este termo não é o mais adequado para se referir á uma PcD. -Por isto, este termo caiu em desuso.

O termo hoje em dia utilizado para se referir a quem tem uma ou mais deficiência é:
Pessoa com deficiência – PcD

Pois aqui diferentemente do termo Pessoa deficiente onde o foco é a deficiência, o termo Pessoa com deficiência trás todo o destaque para a PESSOA. É como se pudesse falar assim: “Olha aqui tem um ser humano, tem uma pessoa que ama, que trabalha, que estuda, que toma decisões, que se relaciona etc e que possui uma ou mais deficiência. Aqui o ser humano  não foi comprometido, aqui a deficiência não o define, mas torna-se mais uma característica da pessoa.

Alguns podem falar assim: “mas que bobeira, são apenas nomes!” Não, não são! Sabe aquele apelido que colocaram em você na época da escola/faculdade, ou mesmo seus amigos, mas que você não gosta? que se sente ofendido quando alguém se refere a você por esse apelido? Então! É mais ou menos assim que funciona com a gente. Pois como eu disse lá no início do texto, são nomenclaturas que nos definiam por nossa deficiência.

Importante ressaltar que o termo PcD  hoje é o mais adequado,mas isto não significa que daqui a alguns anos, uma outra terminologia não seja encontrada para melhor se referir à pessoa com deficiência.

Hoje o que importa é poder compartilhar com você que, eu e outras milhares de pessoas pelo mundo somos PcD – Pessoas com deficiência.  Que temos sim uma limitação física, sensorial, intelectual ou qualquer outro tipo, mas que somos antes de mais nada PESSOAS, que nos relacionamos, trabalhamos, estudamos, nos alegramos, nos entristecemos, como qualquer outra pessoa. E que a nossa deficiência não nos define!