Vê Legentil

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Muito além da exclusão


Muitos artigos, reportagens, publicações diversas nos trouxe conhecimento a respeito dos horrores da II Grande Guerra Mundial com Hitler e o nazismo e a sua obsessão por uma raça pura. E para conquistar seu objetivo o líder nazista austríaco foi capaz de cometer e permitir atrocidades com aqueles que não se enquadravam no perfil de alguém que pudesse dar continuidade a uma linhagem perfeita, assim idealizada por ele. Pertencente grupo dos excluídos estava judeus, pessoas com deficiências físicas e mentais (judeus ou não); surdos e aqueles que os médicos acreditavam que pudesses transmitir de forma hereditária alguma “anomalia” que pudesse impedir a raça ariana de ser perfeita.
Hoje vamos discorrer um pouco sobre a pessoa com deficiência na época do nazismo.
Boa leitura!!!!
Para Hitler uma guerra era o melhor momento para se eliminar os “doentes incuráveis”. Dentro deste perfil de “incuráveis” estavam às pessoas com deficiência física (incluindo os anões); idosos em fragilidade de saúde, os gêmeos, pessoas com deficiência intelectual e os doentes mentais Estes eram considerados como inúteis à sociedade, uma ameaça à pureza da raça e indignos de viver. Pessoas que tinham estas características eram exterminadas através de um programa criado pelo nazismo chamado “Action T4” ou simplesmente T4. O programa na verdade começou antes da guerra, em 1º de setembro de 1939.
Dados históricos informam que no início, os médicos e enfermeiros foram “encorajados” a negligenciar os pacientes classificados como incuráveis, assim muitos deles morreram de fome ou por outras doenças e infecções. Mais tarde, grupos de consultores do governo iam aos hospitais e decidiam quem viveria e quem deveria passar pela “solução final”, expressão usada para designar morte.
Os selecionados eram encaminhados a vários centros de extermínio do programa “T4 – eutanásia” e executados com injeções letais.
O Wikipédia descreve o Acktion T4 da seguinte forma:
“Aktion T4 ( Ação T4) foi o nome usado (...) para o programa de eugenismo e eutanásia da Alemanha nazista durante o qual médicos assassinaram centenas de pessoas consideradas por eles "incuravelmente doente, através de exame médico crítico". O programa ocorreu oficialmente de setembro de 1939 a agosto de 1941, mas continuou de modo não-oficial até o fim do regime nazista em 1945. (...) Durante a fase oficial de Ação T4, 70 273 pessoas foram mortas, mas no Julgamento de Nuremberga encontraram evidências de que os médicos alemães e austríacos continuaram a eutanásia de doentes depois de outubro de 1941 e que cerca de 275 mil pessoas foram assassinadas sob a T4.(...). Pelo menos 200 000 pessoas com deficiência física ou intelectual   foram mortas por medicação, fome ou nas câmaras de gás entre 1939 e 1945.
O nome T4 era uma abreviação de Tiergartenstraße 4, o endereço de uma casa no bairro Tiergarten em Berlim, que foi a sede da Gemeinnützige Stiftung für Heil- und Anstaltspflege, com o nome eufemístico literalmente traduzido para o português como "Fundação de caridade para cuidados institucionais".Este órgão funcionava sob a direção do Reichsleiter Philipp Bouhler, o chefe da chancelaria privada de Hitler, e Dr. Karl Brandt médico pessoal de Hitler.”

Em julho de 1933 Hitler assinou a “Lei para Prevenção de descentes hereditariamente doentes, a fim de implementar suas políticas de higienização racial. A lei falava em esterilização compulsória às pessoas que eles chamavam de“doentes”, em que creditavam ser portadores de doenças hereditárias como a esquizofrenia, a epilepsia, e "imbecilidade". A esterilização também foi sugerida para outras formas de desvio social, além da surdez e cegueira.


O pretexto era de liberar os leitos hospitalares para os futuros feridos de guerra.
Estima-se que 360 mil pessoas foram esterilizadas nos termos desta lei, entre 1933 e 1939.
Em 1941, o bispo de Münster, Dom Clemens August Graf von Galen, denunciou publicamente em um sermão os assassinatos dos pacientes indefesos. A população alemã passou a ter conhecimento do programa de “eutanásia” que era, supostamente, secreto.
Com os protestos, os líderes do nazismo tentaram manter o programa de extermínio em execução, secretamente. 
Apesar do anúncio oficial do término do programa T4, a execução das pessoas com deficiência e outros “doentes incuráveis” permaneceram sendo realizadas nas bases individuais e não mais nos centros de extermínio.
 Com as deportações para os campos de concentração a todo vapor, os trens cheios de passageiros dirigiam-se para Auschwitz, Treblinka, Sobibor ou Buchenwald. Ainda no momento de desembarque, os médicos nazistas examinavam os que chegavam. Idosos, crianças, doentes e pessoas frágeis eram mandados diretamente para as câmaras de gás ou comandos de fuzilamento.
Anões, gêmeos e pessoas com deficiência físicas que chamassem a atenção dos médicos eram selecionados para experiências genéticas e morriam em consequência da brutalidade dos testes de laboratório.
Josef Mengele e a execução de pessoas com deficiência
Formado em medicina, condecorado por bravura militar. Em 1943, foi para o campo de concentração de Auschwitz como coronel-médico da tropa de elite nazista. Mandou  executar milhares de prisioneiros, entre judeus, idosos e pessoas com deficiência física. Os que não eram executados imediatamente eram conduzidos para ficar como cobaias humanas de seus experimentos.
De acordo com publicação no site da revista “Superinteressante”, entre suas cobaias havia principalmente irmãos gêmeos, anões e pessoas com deficiências físicas. O “anjo da morte”, como foi apelidado, dissecava anões vivos a fim de provar que tratava-se de fruto da excessiva miscigenação de raças, amputava pernas e braços de crianças para tentar sem sucesso regenerá-los, e jogava prisioneiros em água fervente para ver o quanto suportavam.


 Espero ter trazido um pouquinho mais de informação à vocês sobre a trajetória da pessoa com deficiência.

Fontes:







sexta-feira, 5 de outubro de 2018

E assim foi setembro...





E setembro foi assim....tão bom

Setembro é mesmo um mês lindo, não que os outros não sejam. Mas acho que a chegada da primavera, tudo mais colorido me dê essa impressão.
Para mim foi um mês intenso, de muito trabalho, novas experiências, novas vivências. Dentre as experiências vividas, posso destacar algumas, não em ordem de importância, mas apenas porque é preciso começar com alguma.
A primeira delas foi realmente ter que me virar sozinha pela primeira vez no aeroporto com cadeira de rodas, mochila, mala e muletas (sim, as levei comigo, nesta fase de transição muletas-cadeira de rodas, ainda não me sinto confiante para sair de casa sem elas. Talvez por viver na pele a falta de acessibilidade em determinados locais) acho que isso me deixa um pouco insegura para ir a alguns lugares sem minhas “sempre” companheiras. Mas deu tudo certo no final.
Como iniciante nessa nova categoria ou nova fase da vida, é bom ter por perto pessoas que você possa confiar. Em maio quando também a trabalho passei 4 dias em SP, fiz amizade vamos dizer assim, com um taxista muito solícito e educado. E isso fez com que eu combinasse com ele de sempre me levar do hotel para o trabalho, e do trabalho para o hotel. E assim acertamos. Fiquei com o contato dele é desta vez procedi da mesma forma. E ele prontamente me buscou no aeroporto e foi bem legal poder ensinar para ele como a cadeira de rodas monobloco é colocada no carro. E o mais legal ainda foi perceber que ele ficou bem empolgado com a possibilidade de transportar outros cadeirantes. Por que isso me deixa feliz? Simples, levei informação para que outras PCDs se sintam mais seguras, sem medo de ter sua cadeira de rodas danificadas, e que mais uma pessoa pode entender um pouquinho mais sobre o universo de uma pessoa com deficiência. A vida é assim, ela nos ensina o quanto é importante deixarmos nossos rastros por onde passamos.
A Segunda experiência está relacionada a beleza de SP. Minhas idas sempre são bem corridas, mas como desta vez tive o privilégio de dar palestra no centro da cidade, aproveitei o horário de almoço para dar uma passadinha no CCBB, lindo demais, pena não ter tido tempo de visitar nenhuma exposição. E ao fim do dia, depois do expediente passei pela Praça São Bento, onde fica uma igreja do mesmo nome. Entrei na igreja para conhecer melhor (sou apaixonada por história do Brasil e suas construções mais antigas), a igreja é linda por dentro (pena não ser permitido tirar fotos, filmar) e quando cheguei um coral estava cantando cantos gregorianos, nunca tinha visto pessoalmente. Lindo demais! AS construções antigas do centro da cidade, são simplesmente apaixonantes.
Ah...não posso esquecer de mencionar que conheci a Avenida Paulista fechada ao trânsito de veículos. Andei de ponta a ponta, foi a primeira vez que “andei” muito sem me cansar...rsrsrsrs!!! Bendita cadeira de rodas. Esta avenida é uma loucura, em cada esquina alguém cantando um estilo musical diferente, barraquinhas de todas as coisas, quadros, pinturas, artesanatos diversos. Lamentei ainda não ter sobrado tempo para conhecer a 25 de março...rsrsrsrs!!!
Mas você deve estar pensando: - “Você não disse que viajou a trabalho?” Simmmmmm, mas quem disse que não dá para aproveitar o tempinho entre um trabalho e outro?
Então bora falar de trabalho... Para mim trabalho e felicidade se misturam, pois sou uma agraciada em poder trabalhar com o que gosto. E não pense que só porque é algo que gosto, que não é cansativo? É e muito!!! Geralmente dou 3 palestras por dia na empresa a qual trabalho, essas palestras são voltadas para os nossos colaboradores não PCD sobre como é a realidade da pessoa com deficiência, suas dificuldades, sua capacidade e competência. Faço isso com o máximo de naturalidade que posso. Pois o objetivo é fazer com que as outras pessoas percebam o qual natural é lidar com quem tem deficiência em qualquer ambiente, incluindo o mercado de trabalho. É levar àqueles que não convivem com a pessoa com deficiência que não se trata de coitadinhos nem heróis. Que fazemos o que é necessário fazer para vivermos, para irmos em busca de nossos sonhos e objetivos.
É cansativo porque falo por quase 2h em cada palestra (mas confesso que me sinto tão bem realizando meu trabalho, que só sinto este cansaço quando me deito para dormir).  Mas é extremamente gratificante quando ao fim do dia algumas pessoas vem falar comigo com os olhos lacrimejando, agradecendo, dizendo que tornei sua vida mais leve, que a partir daquele dia terá um outro olhar a respeito de quem tem uma deficiência.
Conto isso por vaidade? Não!!! Com certeza não! Conto por saber que estou fazendo meu trabalho de formiguinha. Da melhor maneira que posso, que sei fazer! Vou deixando meu rastro. E isso me deixa muito feliz, porque sei que esse trabalho alcançará vidas de pessoas que nem conheço e que talvez nunca venha conhecer. Madre Teresa de Calcutá tem uma frase que gosto muito, que diz assim “Nunca permita que alguém saia de sua presença, sem se sentir melhor, e mais feliz.”
Nas minhas palestras coloco o pessoal para “brincar” e nessa brincadeira eles tem a oportunidade de vivenciar por alguns minutos de como é viver na pele, algumas situações que vivemos diariamente. De acordo com Vygotsky o desenvolvimento do indivíduo se dá por sua interação com o meio. E complementando, o educador brasileiro Paulo Freire dizia que o aluno (indivíduo) precisa aprender a “ler o mundo”. Como ler o mundo sem interagir com o meio? Como saber sobre a pessoa com deficiência, sem conviver com ela, sem ler o seu mundo? E para esses educadores, a melhor forma de aprender é fazendo. Então, utilizo dinâmicas para que a aprendizagem faça mais sentido, que seja algo impactante e inesquecível na vida de cada um deles. Porque para mim é, cada palavra que recebo deles no fim do trabalho, impacta a minha vida e só me faz querer continuar neste caminho.
Depois de uma semana tão intensa de aventuras, ensino e aprendizado, chegou a hora de voltar para casa, e desta vez sem transtornos nos aeroportos, sem precisar aguardar por 40 minutos uma cadeira de rodas da companhia aérea, sem precisar subir e descer escadas. Gente foi bem legal! Desta vez lembrei de tirar fotos de dentro do “ambulift”, só não consegui tirar foto quando usei a cadeira de transbordo, pois fiz conexão e em um desses aeroportos, o desembarque foi remoto, e utilizaram a cadeira. Foi bem tranqüilo. Desta vez fiz uso dos recursos disponíveis para cadeirantes nos aeroportos por onde passei. Embarquei de “ambulift”, desembarquei de cadeira de transbordo e embarquei utilizando a rampa móvel também! Desta vez, sem reclamação! Só sucesso!!!
E assim foi  setembro.....
        E assim me despedi de setembro!!!

Bom final de semana!! Bjs e até sexta que vem!!!!!!!!!!!
Passeando na Avenida Paulista
Dando uma passadinha no CCBB

Praça São Bento..maravilhosa praça!

Esse lugar não sei o nome! Mas achei lindo!

Igreja de São Bento - linda por dentro e por fora

Ainda na Praça São Bento

Genteee.. esse visual pode ser curtido pelos funcionários da empresa. Trata-se do nosso "break" externo. Muito chique né!
 
Passeando na Avenida Paulista



 
"Escolhas um trabalho  de que gostes, e não terás que trabalhar nem um dia da tua vida." (Confúcio)

 
Ambulift por dentro

Dentro do ambulift a caminho da aeronave

A cadeira de rodas é presa nestes cintos e as rodas travadas com um equipamento fixo no chão. Bem seguro

Bem próximo da aeronave


sexta-feira, 21 de setembro de 2018

21 de setembro- Dia Nacional da luta da Pessoa com Deficiência


     Hoje, 21 de setembro se comemora o Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência. Apesar de ter sido criado em 1982 por movimentos sociais,  somente foi oficializado pela lei em 2005.

     Apesar do descaso do poder público,  de políticas públicas eficientes e eficazes para atender o público PcD,  podemos dizer que tivemos avanços. Digo sempre que o maior deles é sermos reconhecidos como pessoas. Pois em tempos remotos éramos  tidos como aberrações,  fruto de maldição ou castigo divino. A convenção dos direitos da pessoa com deficiência da ONU diz que, pessoas com deficiência são aquelas com impedimentos de natureza física,  intelectual ou sensorial, os quais em interação com diversas barreiras que podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas.

     Gosto dessa definição porque tira a pessoa com deficiência do perfil passivo para alguém ativo na sociedade,  que a não inteiração ou exclusão da PcD na sociedade se da não por causa daquele que possui deficiência,  mas sim pelas barreiras que a sociedade impõe.

     As barreiras são as mais diversas e variam de acordo com o tipo de deficiência. Mas para mim a pior barreira continua sendo a atitudinal. Pois como convencer um adulto cheio de suas certezas que determinado posicionamento adotado por ele não passa de  preconceito? Falta de convívio com quem tem deficiência afim de aprender um pouco mais sobre sua realidade? 

     Com o intuito de levar informações às pessoas, além de palestrar sobre inclusão na empresa em que trabalho,  também criei esse blog com o intuito de levar um pouquinho mais de conhecimento sobre a realidade da PcD com suas dificuldades,  desafios e conquistas também.

     Para mim todo dia é dia de luta pelos direitos da PcD.

     Que não só hoje,  mas a partir de hoje você me ajude a levar informações divulgando meu blog,  denunciando aos órgãos competentes o desrespeito para com a pessoa com deficiência.

Algumas de minhas últimas denúncias:

*Denunciei a pouco meses uma auto escola em Niterói por cobrar o dobro do valor para primeira carteira de habilitação para PcD. Isso é ilegal;

*Registrei reclamações contra algumas companhias aéreas por não tratarem a PcD com a dignidade merevida;

*Empresas de ônibus por não fazerem a devida manutenção nos elevadores dos coletivos;

*agências bancárias por falta de acessibilidade.


     Poderia passar a noite aqui falando sobre registros de denúncias. Mas na verdade meu objetivo não é este. É te pedir ajuda nessa luta, denunciando empresas,  estabelecimentos inacessíveis etc.
Me ajude a levar à sociedade a se conscientizar sobre a importância da inclusão da PcD na sociedade, fazendo com que mais pessoas tenham informações e possam gozar de seus direitos garantidos por lei.

"Chamar para o baile é diversidade,  chamar pra dançar é inclusão." (Lisiane Couto)
Bjs a todos!  Bom fim de semana 



sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Para que serve uma porta?


Ontem, dia 13 de setembro, aproveitei meu horário de almoço do trabalho para ir ao Banco pagar uma conta,  esta não consegui pagar pela internet como de costume. Fui à Caixa Econômica Federal próximo a Praça de Nova Cidade – SG, próximo onde moro.
Em termos de acessibilidade a CEF é o pior banco que alguém pode ir. Apesar da rampa de acesso na entrada do banco, o acesso á agencia propriamente dita, é péssimo. Evito ao máximo ir á bancos, principalmente à Caixa. Em todas as agências em que fui, esbarrava em algum problema.
Talvez para vocês seja algo simples e bem natural ir ao banco, entrar para pagar uma conta ou resolver outro assunto de seu interesse. Mas não se engane, para muitos ir ao banco pagar uma conta, pode ser um teste de paciência.
*      Uma vez no Centro do Rio – onde tentei pagar um boleto referente a habitação, o pagamento somente era feito no subsolo, por escadas. Na época chamei o gerente,  o mesmo tentou me explicar que por ser um prédio antigo, não seria possível adaptações. Questionei o motivo de não ter um caixa no andar principal para atender as pessoas com dificuldades de locomoção, o mesmo disse que não havia espaço para isso (o interessante que para outros serviços havia espaço);
*      Outra feita, precisei comparecer a uma agência da Caixa no centro de São Gonçalo. Tudo péssimo lá. Só abrem a porta acessível para cadeirantes, pessoas com demais dificuldades de locomoção tem que se virar para passar naquela porta giratória. Na época chorei de raiva na porta de entrada do banco, pois os seguranças despreparados, gerente sem noção de acessibilidade. Não houve argumento que eu usasse que os convencesse da necessidade de passar pela porta acessível, um verdadeiro absurdo;
*      Outra experiência negativa foi na CEF de São Francisco em Niterói, quando solicitei ao segurança da agência que abrisse a porta para que eu passasse, o mesmo me disse que aquele símbolo da cadeira de rodas na porta, indicava que era para uso exclusivo de cadeirantes. Argumentei, disse que aquele símbolo se referia à acessibilidade para pessoas com deficiência física e outros tipos de dificuldades de locomoção dentre outros, e não era exclusivo para uso de cadeirantes. (estão vendo? por isso digo que a culpa é das muletas! rsrsr). O mesmo insistia para eu entrasse pela porta giratória. Novamente foi preciso chamar o gerente da agência e depois de 40 minutos, abriram a porta para eu entrasse no banco;
*      No Centro de Niterói também encontrei resistência, só tinha porta giratória e quando tentei entrar, lógico que a porta travou devido as minhas muletas e aparelho ortopédico. O segurança se aproximou e perguntou se não tinha como eu deixar meu equipamento só para entrar. Achei aquilo tão absurdo, tão desnecessário. Mesmo assim, me vi na obrigação de explicar que o uso daqueles equipamentos não era algo opcional, mas necessário, fundamental para minha locomoção. Estava tão estressada e aborrecida que acabei por desistir de entrar naquela agência e procurei outra menos problemática;
*      E a última experiência foi a de ontem, citada no início do texto. Onde novamente tive que passar pela porta giratória, travando. Onde um dos seguranças disse que em minha bolsa havia algo que estava travando a porta.
OBS.: Fui de muletas pois o município onde moro é ZERO em acessibilidade.
Gente, na boa...tem que ter muita paciência! Algo quase sobrenatural para lidar com situações como essas relatadas acima e tantas outras.
Como pode um estabelecimento que atende ao público, com suas mais diversas particularidades não ser preparada para atendê-lo? Como é possível a pessoa não ter o mínimo de conhecimento sobre acessibilidade, sua simbologia?
Somos quase 45 milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência, isso representa 23% na população do Brasil. Estamos no século XXI, e ainda esbarramos em barreiras ridículas, causada principalmente pela falta de informação. Como podem tratar uma parcela da população tão grande como minoria?
Levar informação, mostrar que ir e vir é um direito de TODOS, é trabalho de formiguinha. E muito estressante, principalmente quando alguns persistem em manter sua posição  de certezas. Mas sigo nessa luta que não luto só por mim, mas por todos que precisam e não podem ou sabem como lutar.
Por isso digo sempre que a pior barreira é a atitudinal!
 
Símbolo da Acessibilidade - Ainda atribuído erroneamente por alguns como exclusivo para cadeirantes

Novo Símbolo criado pela ONU para que seja utilizado em todos os espaços acessíveis. Mas, se não conhecem nem o antigo símbolo, quem dirá o novo!


Bjs a todos! Bom fim de semana!

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Ela chegouuuuuu. ....

Oi Genteeee. .. .dia de feriado também tem postagem!!!! E com novidade!

Comentei com vocês algumas vezes sobre minha necessidade de adquirir uma cadeira de rodas,  pois é,  enfim ela chegouuuuuu!  Uhuuuuu....vivaaaa!

    Antes da compra foram meses de pesquisa. Será monobloco ou do modelo que "abre e fecha"? Qual a altura ideal? E as medidas? (Sim pessoal,  cadeira de rodas é como uma roupa ou calçado,  tem que ser muito confortável e um detalhe de suprema importância TEM QUE SER SEGURA para o cadeirante), qual cor escolher?  O assento rígido ou flexível? E tantas outras dúvidas de uma "marinheira" de primeira viagem.

    Tenho a aprender ainda sobre este universo de cadeirante que estou dando apenas os primeiros passos ou seria melhor dizer primeiras rodadas?

     Estou muito feliz com mais esta conquista. Quem convive com aqueles que precisam utilizar uma cadeira de rodas, ou ainda,  quem usa sabe que trata-se de um equipamento caro. Ultrapassando com facilidade a faixa dos 2 mil Reais. E quanto melhor a qualidade do material utilizado, mais cara a cadeira é. E um detalhe que alguns desconhecem é que,  aqueles que fazem uso da cadeira de rodas diariamente como meio de locomoção, precisam ter 2 cadeiras,  pois quando uma estiver em manutenção,  usa a reserva para poder continuar tocando a vida de forma independente.

    No meu caso a aquisição da cadeira deu-se pelo fato de poupar minha musculatura,  evitando assim um desgastes físico ainda maior. Pois quem utiliza muletas empreende uma força muito grande para sustentar o peso do corpo em cada passada para se lomocover em um curto trecho de percurso,  fazendo com que a pessoa se canse rapidamente sem conseguir algumas chegar ao local pretendido. E era exatamente isto que estava acontecendo comigo. E mais,  como viajo a trabalho,  e também gosto de viajar nas férias,  sempre dependia de cadeira de rodas das companhias aéreas para me locomover nos aeroportos (e já compartilhei aqui com vocês em algumas postagens as dificuldades que já passei por não ter minha própria cadeira).

    Genteeee!!!!!! Tenho que dizer, adorei minha cadeiraaaaaa! Escolhi a cor azul para poder combinar com meu aparelho ortopédico..Rsrsrs (invejosos vão me chamar de perua. .Rsrsrs).

    Ainda não fiz nenhum teste drive sério com ela. Só testei pelo condomínio onde moro para verificar se ela estava legal. Ontem fui à Madureira, até pensei em leva-la,  porém como não conhecia o local,  mas já tendo uma boa experiência sobre a falta de acessibilidade no Rio de Janeiro, preferi não arriscar,  pois me vi em um dilema: "levo a cadeira para o caso de precisar caminhar muito ou a deixo em casa pelo receio de não haver acessibilidade e eu ficar limitada de transitar pelo espaço?". Decidi então ir de muletas. E quando cheguei lá percebi que era acessível. Mas oportunidade COM CERTEZA não vai faltar.
    Quando eu fizer o primeiro passeio, primeira viagem com a cadeira de rodas dividirei com vocês. Não só as primeiras experiências, mas aquelas que de alguma forma poderão servir de ajuda para outras pessoas.

Beijinhos para todos! Bom final de semana! 

Estreando a cadeira

Miga loca que fez questão de inaugurar a cadeira comigo

Feliz da vida com a aqusisção

Com a amiga e a sobrinha

curtindo sim, usufruindo sim....é conquista sim!

  

sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Você sabe o que realmente é a poliomielite ou paralisia infantil?


A matéria de hoje será sobre a poliomielite, ou paralisia infantil. Hoje não farei piadas ou risadinhas como de costume, pois realmente é algo que me trás preocupação não apenas para o hoje, mas principalmente para o futuro.
Por vivenciar na pele as dificuldades em ter sequelas da poliomielite ou paralisa infantil, por diariamente encarar os obstáculos impostos por uma sociedade excludente, por ter consciência da falta de recursos médicos para tratamento eficaz das sequelas deixadas pela pólio e ainda, por ler nos últimos meses que na atual campanha nacional de vacinação contra o sarampo e a pólio, os dados no Ministério da Saúde informa que somente 46% das crianças foram vacinadas, decidi então postar esta semana sobre o que é a poliomielite.
Já me desculpo com vocês pelo tamanho do texto, peço a compreensão de todos, mas foi muito necessário escrever as informações nele contida. Pois como a paralisia infantil  está erradicada no Brasil faz muito tempo, as novas gerações pouco sabem sobre o estrago que esse vírus pode causar e poucos convivem com alguém que tenha as sequelas da pólio.
Você sabe o que é a poliomielite?

A poliomielite é uma doença infecto-contagiosa aguda, causada por um vírus que vive no intestino, denominado Poliovirus. Embora ocorra com maior frequência em crianças menores de quatro anos e ser comumente chamada de paralisia infantil, também pode ocorrer em adultos. 
Em geral, a paralisia se manifesta nos membros inferiores de forma assimétrica, ou seja, ocorre apenas em um dos membros. As principais características são a perda da força muscular e dos reflexos, com manutenção da sensibilidade no membro atingido.
Quais os sintomas da poliomielite?
O período de incubação varia de 5 a 35 dias, com mais frequência entre 7 e 14 dias.
Na maioria dos casos, a infecção pelo vírus da poliomielite pode ser assintomática. Isso não impede sua transmissão, pois é eliminado pelas fezes e pode contaminar a água e os alimentos.
Quando se manifestam, os sintomas variam de acordo com a gravidade da infecção.
Nas formas não paralíticas, os sinais mais característicos são febre, mal-estar, dor de cabeça, de garganta e no corpo, vômitos, diarreia, constipação, espasmos, rigidez na nuca e meningite. Na forma paralítica, quando a infecção atinge as células dos neurônios motores, além dos sintomas já citados, instala-se a flacidez muscular que afeta, em regra, os membros inferiores.
Como é transmitida a poliomielite?
Quanto mais precária a condição de vida de uma população, quanto maior a ausência de saneamento básico, falta de higiene, mais esta população estará exposta ao vírus da pólio.
A transmissão do vírus da poliomielite se dá através da boca, com material contaminado com fezes (contato fecal-oral), o que é crítico quando as condições sanitárias e de higiene são inadequadas. As crianças devem ser orientadas desde muito cedo a desenvolver hábitos saudáveis de higiene, como lavar as mãos, só beber água tratada etc.
O Poliovirus também pode ser disseminado por contaminação da água e de alimentos contaminados.
A multiplicação desse vírus começa na garganta ou nos intestinos, locais por onde penetra no organismo. Dali, alcança a corrente sanguínea e pode atingir o cérebro. Quando a infecção ataca o sistema nervoso, destrói os neurônios motores e provoca paralisia flácida em um dos membros inferiores. A doença pode ser mortal, se forem infectadas as células dos centros nervosos que controlam os músculos respiratórios e da deglutição.

OBS.: A falta de saneamento básico e de medidas adequadas de higiene é a principal causa de transmissão do vírus da poliomielite. A má qualidade da água utilizada para consumo e alimentos preparados sem os cuidados de higiene facilitam a proliferação dos diferentes tipos de póliovírus.
A Falta de saneamento básico constitui uma das causas da proliferação do vírus da poliomielite

Existe tratamento para a poliomielite?
As sequelas da poliomielite estão relacionadas com a infecção da medula e do cérebro pelo poliovírus, normalmente correspondem a sequelas motoras e não tem cura. O foco do tratamento reside em diminuir a sensação de desconforto, evitar que o vírus continue se espalhando pelo corpo e garantir a qualidade de vida da pessoa infectada. O tratamento deve ser iniciado o quanto antes, para evitar complicações, mesmo porque, se uma pessoa infectada com o vírus não for atendida aos primeiros sinais da doença, ela estará sob maior risco de morte.
Um pulmão de aço é um tipo de ventilador que permite a uma pessoa respirar em caso de paralisia dos músculos da respiração ou quando o esforço necessário para a respiração excede a capacidade dessa pessoa. Muito utilizado nas pessoas infectadas pelo vírus da polio.
Um pulmão de aço é um tipo de ventilador que permite a uma pessoa respirar em caso de paralisia dos músculos da respiração ou quando o esforço necessário para a respiração excede a capacidade dessa pessoa. Muito utilizado nas pessoas infectadas pelo vírus da polio.

As principais sequelas da poliomielite são:
·         Problemas e dores nas articulações;
·         Pé torto, conhecido como pé equino, em que a pessoa não consegue andar porque o calcanhar não encosta no chão;
·         Crescimento diferente das pernas, o que faz com que a pessoa manque e incline-se para um lado, causando escoliose;
·         Osteoporose;
·         Paralisia de uma das pernas;
·         Paralisia dos músculos da fala e da deglutição, o que provoca acúmulo de secreções na boca e na garganta;
·         Dificuldade de falar;
·         Atrofia muscular;
·         Hipersensibilidade ao toque.
As sequelas da poliomielite são tratadas através de fisioterapia, por meio da realização de exercícios que ajudam a desenvolver a força dos músculos afetados, além de ajudar na postura, melhorando assim a qualidade de vida e diminuindo os efeitos das sequelas. Além disso pode ser indicado o uso de medicamentos para aliviar as dores musculares e das articulações. 
A fisioterapia é fundamental para fortalecer a musculatura, evitando atrofias musculares, para ter uma melhor postura corporal afim de evitar dores.
Forma de prevenção
          A doença deve ser evitada  através da vacinação contra a poliomielite. Paralelo a isto, medidas preventivas como programas de saneamento básico, são essenciais.  

Como é oferecida a vacina contra a poliomielite no Brasil

1.        A vacina é oferecida o ano inteiro em todos os postos de saúde.
2.      Uma criança deve tomar ao menos três doses da vacina para estar imunizada: 1ª dose aos 2 meses; 2ª dose aos 4 meses; 3ª dose aos 6 meses.
3.      Há um reforço da vacina aos 15 meses. Nesse reforço, são administradas duas gotinhas.
4.            O Ministério da Saúde realiza campanhas nacionais duas vezes ao ano. Mas a vacina pode ser aplicada a qualquer momento.

A poliomielite no Brasil
         De acordo com dados do Ministério da Saúde, o Brasil não registra casos de poliomielite faz 30 anos. Tendo o último ocorrido em 1989. Apesar disso, atualmente o governo alerta sobre a necessidade da vacinação, mesmo tendo sido a pólio erradica no país, isso se deve a alguns motivos:
ü O vírus tem circulado por 23 países nos últimos 3 anos;
ü O surgimento de um caso de poliomielite na Venezuela em junho; (todos devem estar acompanhando a situação dos venezuelanos no Brasil, entrando no país sem nenhum tipo de controle, principalmente por Roraima).
O número de crianças vacinadas vem baixando a cada ano, e uma disseminação de falsas informações principalmente via internet de que as vacinas podem matar ou causar algum outro tipo de mal às crianças vem fazendo com que os responsáveis evitem vacinar seus filhos.
Isso me traz à memória,  lembranças da história do Rio de Janeiro, aprendida na escola, de um período conhecido como “A Revolta da Vacina” quando em 1904 o governo federal impôs a obrigatoriedade da vacinação contra a varíola e a população então se rebelou devido a forma como foi praticada a vacinação nas pessoas.
 Mas vivemos em outros tempos, onde diferentemente daquela época, em que as pessoas tinham pouco ou nenhum acesso às informações, hoje o efeito é as avessas, são as notícias fakes divulgadas, a ausência de busca pela veracidade dos fatos contados, o crer somente no que lê, tem levado algumas pessoas a facilitar a volta de uma doença terrível como a poliomielite.
Muita além das sequelas físicas
Ter tido poliomielite aos 5 meses de nascida e conviver com suas sequelas a vida inteira, poderia ser mais leve, se a sociedade fosse mais inclusiva, com pessoas tendo empatia, se colocando no lugar do outro, com vias públicas e transportes púbicos acessíveis, com oportunidades de trabalho justas, com menos, bem menos barreiras atitudinais gigantescas, com valores bem mais acessíveis de equipamentos como aparelhos ortopédicos, muletas, cadeira de rodas.
Quanto menos desenvolvimento houver em um país, mais sua população está suscetível ao vírus da poliomielite, e as crianças são as maiores vítimas.

o   Se você quer bem a quem você ama...vacine seu filho;
o   Se você conhece alguém que tem resistência em vacinar seu filho por conta de notícias lidas em redes sociais, pela internet em geral, sem uma fonte confiável, sem investigar o fato, oriente-o a vacinar a criança;
o   Vacinar contra a poliomielite é uma prova de amor!
Importante ressaltar que:
O artigo 1º do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA determina que "é obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias."
Obrigada por ter lido todo o texto. Me ajude a divulgar essas informações, compartilhando-as em suas redes sociais.
Bjs!
Fontes: