Inclusão o que é?
Como é do
conhecimento de vocês trabalho com inclusão de pessoas com deficiência no
mercado de trabalho faz alguns anos. E mesmo com alguma experiência no meio
corporativo sobre este tema, ainda me causa algum espanto o fato de que, falar
em inclusão remete ao outro pensar em barreiras arquitetônicas como questão
prioritária, quando na verdade isso deveria ser secundário, ou consequência da
quebra do pior tipo de barreira a ser eliminada, a barreira atitudinal. Esta
sim, constitui-se um dos grandes impeditivos para que a inclusão da PcD
aconteça no mercado de trabalho.
Posso
elencar aqui alguns pontos da barreira atitudinal que causa impacto na inclusão
da pessoa com deficiência:
1-
A infantilização da pessoa com deficiência – Ainda é comum pessoas
sem deficiência dar um tratamento diferenciado a PcD, com excessos de
“meiguices”, superproteção tentando sempre “ajudar” aquela pessoa, pois ela não
tem como fazer determinada “coisa” sozinha, afinal ela é como uma criança,
precisa sim de ajuda! (Eis o que pensam).E consequente a isso, dirigem-se a PcD
com linguagens infantis, alteração de voz, concluindo que, se agir desta forma
a pessoa com deficiência entenderá melhor o que está sendo dito.
2-
A crença que pessoas com deficiência não podem exercer
atividades laborais mais complexas – Foi interessante notar fazendo uma busca em sites de empregos
que ofertam vagas para PcD, que a maioria delas está direcionada ao setor
operacional, são vagas para recepção, Op.de caixa, repositor de supermercado,
auxiliar de serviços gerais, balconista, ajudante de pedreiro, servente etc. A
cada 20 vagas ofertadas, 1(uma) contêm nas descrições atividades mais
elaboradas. Ainda existe uma crença que
pessoas com deficiência, independente do tipo de deficiência, são incapazes, ou
limitados para exercer atividades que requeiram um raciocínio lógico,
interpretações de textos, cálculos, relatórios etc. Saliento, que o problema
não está nessas vagas, mas a quem ela é ofertada.
3-
Alguns tipos de deficiência são excluídos do mercado de trabalho
– Autistas,
pessoas com deficiência intelectual costumam ser as mais excluídas do mercado
de trabalho. De acordo com o Censo 2010, 2,6 milhões de pessoas no Brasil
possuem deficiência intelectual, apesar deste número elevado, apenas 2,41% são
PcD intelectuais dos 400 mil PcD’s que trabalham no mercado de trabalho formal.
Neste ponto o problema se concentra na falta de informação, no preconceito, na
falta de preparo dos recrutadores em abordar este segmento de PcD, na
resistência das áreas em receber pessoas com deficiência intelectual, julgando
como incapacitante a deficiência da pessoa.
Poderia
ficar aqui por horas, falando sobre barreiras atitudinais que tão perto rodeia
as pessoas com deficiência. O que quero ressaltar, entretanto, é que a barreira
arquitetônica pode ser mais fácil de se solucionar, pois quebra-se e se
constrói algo acessível, mas a barreira atitudinal, envolve disponibilidade,
mudança de atitude, empatia, dar crédito ao outro, respeito ao próximo. A força
da letra da lei de Cotas ajuda, mas a inclusão ainda está distante do ideal.
É preciso
que haja investimento em pessoas, nos profissionais de RH que recrutam e
selecionam candidatos PcDs, nos gestores que apresentam forte resistência em
ter em suas equipes alguém com deficiência, baseado muitas vezes em “achismos”
– eu acho que ele não consegue, eu acho que terei problemas, eu acho que ele
não vai acompanhar o ritmo etc.
De acordo
com dados de pesquisa realizada pela Catho, 93% dos gestores das empresas
necessitam se informar melhor para gerenciar e entrevistar uma pessoa com
deficiência (PCD) e que 65% desses gestores possuem grande resistência em
entrevistar ou contratar profissionais com esse perfil.
Gestores apresentam
resistência em ter PcDs em suas equipes, mais uma vez, por falta de
conhecimento, de convívio com a pessoa com deficiência.
O que tenho
percebido ao longo dos anos é que, os problemas que os líderes apontam para
rejeitar uma PcD em sua equipe, são os mesmos problemas que enfrentam com seus
funcionários não PcDs. Porém, é como se, somente a pessoa com deficiência
apresentasse tais falhas.
É preciso
investir em educação corporativa no tange a sensibilização para que a inclusão
da pessoa com deficiência aconteça no mercado de trabalho.
A Lei de
Cotas é vista como objetivo, quando na verdade ela deveria ser uma
consequência.
Censo 2010.
Bjs...e até a próxima
postagem!
0 comments:
Postar um comentário