Vê Legentil

quarta-feira, 11 de abril de 2018

Você conhece a LBI – Lei Brasileira de Inclusão (Estatuto da Pessoa com Deficiência)?


Discutida por pelo menos 15 anos, o projeto de lei foi criado pelo senador Paulo Paim, sancionada em julho de 2015 e entrou em vigor em janeiro de 2016.
O texto da lei tem como base a Convenção da ONU sobre os direitos da PcD, mas não somente isso, a lei visa tratar das carências existentes no Brasil com relação à sua população com deficiência. Ela foi criada com o intuito de promover e assegurar em condições de igualdade, o exercício do direito e das liberdades fundamentais da pessoa com deficiência, visando sua inclusão social e cidadania.
Algumas leis que já existiam passaram a fazer parte deste estatuto. Podemos dizer que tal estatuto é na verdade um compilado dessas leis. E aborda temas como:
·         Direito à vida;
·          Direito à habilitação e reabilitação;
·          Direito à saúde;
·          Direito à educação;
·          Direito à moradia;
·          Direito ao trabalho;
·          Direito à assistência social;
·          Direito à previdência social;
·          Direito à cultura, esporte, turismo e ao lazer;
·          Direito ao transporte e mobilidade.

De acordo com a Deputada Federal e também PcD Mara Gabriili (relatora da LBI), a Lei trás um uma nova perspectiva a respeito da pessoa com deficiência:
“Vale lembrar também que a principal inovação da LBI está na mudança do conceito de deficiência, que agora não é mais entendida como uma condição estática e biológica da pessoa, mas sim como o resultado da interação das barreiras impostas pelo meio com as limitações de natureza física, mental, intelectual e sensorial do indivíduo.”

Cabe ressaltar alguns avanços proporcionados pela LBI. Um ponto a ser destacado é no que diz respeito à educação. Escolas Regulares da Rede Pública e Privada são proibidas de apresentar recusa de matrícula à crianças e adolescentes com deficiência, bem como cobrar qualquer taxa adicional desses alunos. É importante salientar que tal recusa passou a configurar crime, podendo o infrator ser punido com multa e detenção. Ainda tratando da educação, o artigo 28 da LBI garante à PcD inclusão no Ensino Superior através de cota, obrigando assim o poder público a assumir sua responsabilidade garantindo o acesso desta parcela da população à educação profissional e tecnológica.
Sempre que possível vou falar sobre a PcD e o Mercado de trabalho, e o artigo 34 do Estatuto diz o seguinte: “A pessoa com deficiência tem direito ao trabalho de sua livre escolha e aceitação, em ambiente acessível e inclusivo, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.” Isso é muito importante para a Pessoa com Deficiência, pois significa que não é a empresa que escolhe em que área a PcD vai atuar, na verdade, é afirmar que a pessoa com deficiência vai escolher onde quer trabalhar, de acordo com suas habilidades e qualificações profissionais.
É muito comum eu visualizar anúncios em redes sociais, internet de forma geral, algumas empresas anunciarem vagas para PcD da seguinte forma: “Oportunidade de Trabalho para Pessoas com Deficiência”. Não especificam a vaga, as exigências nada. Isso é muito ruim, pois a pessoa se desloca com dificuldade de casa, e quando chega no processo seletivo a vaga não tem nada a ver com aquele profissional, eu mesma já passei por isso. Além de falta de respeito, é nítido que tal empresa, não está preocupada em fazer inclusão, mas apenas cumprir a Lei de Cotas.
A Lei Brasileira de Inclusão trata ainda dos meios de comunicação para a comunidade surda. Tratando da questão da questão da acessibilidade na distribuição e exibição cinematográfica. E ainda diz que os portais e sítios eletrônicos da administração pública devem ser acessíveis a este público.
Eu poderia escrever um texto quilométrico sobre a LBI, porém, o objetivo não é tornar a leitura do artigo cansativa, mas sim, poder compartilhar com vocês um pouquinho mais de informação e peço sua ajuda  para divulgar em suas redes sociais, pois sempre tem alguém precisando, carente de conhecimento. Pois embora a Lei exista, nem todos tem acesso a ela.
Para que vocês possam conhecer melhor a lei aqui tratada, abaixo inseri um link para acesso:




sexta-feira, 6 de abril de 2018

Os Invisíveis



Outro dia vi um post no facebook, onde era representada a seguinte cena: diversas pessoas em um transporte coletivo. Várias delas estavam sentadas, em pé uma grávida, um idoso e uma pessoa com deficiência. Os que estavam sentados dormiam.
Achei a postagem muito interessante, ela me fez pensar em como as pessoas são tomadas repentinamente de um sono profundo tão logo entre no coletivo alguém que se enquadre nas características mencionadas no parágrafo anterior.
É no mínimo curioso a atitude de algumas pessoas, agem como se fôssemos invisíveis, ou ainda que não precisássemos nos sentar.
Minha vida é recheada de histórias envolvendo meu grande poder da invisibilidade. Vou dividir com vocês, uma delas. Certa feita quando eu voltava do trabalho, depois de aguardar 40 minutos no ponto pelo ônibus. Sim, 40 minutos, pois uns motoristas passaram por fora do ponto com os ônibus, outros, a plataforma elevatória “não funcionava”, ora estava tão cheio que se uma pessoa respirasse mais profundo, o passageiro ao lado morria por falta de ar!
Pois bem, eis que finalmente um ônibus para no ponto, estava cheio, mas dava para entrar. NINGUÉM absolutamente NINGUÉM moveu um músculo se quer do corpo para ceder o lugar para que eu pudesse sentar. Parei nos degraus e contemplei aquela cena: TODOS dormiam, coisa linda de se vê, não fosse a situação caótica do egoísmo! Já estava chateada, com as pernas e braços doendo por ter ficado tanto tempo em pé no ponto aguardando o ônibus. Não me contive e perguntei com um tom de voz elevado para que os sonecas de plantão pudessem ouvir: “ALGUÉM PODE CEDER O LUGAR PARA EU ME SENTAR?” "Cri...cri...cri” Perguntei a segunda vez com a voz mais firme, foi então que uma pessoa olhou para mim e disse: “Eu não vou te dar lugar, pois trabalhei o dia inteiro e estou cansada”. Olhei para aquele ser disfarçado de humano de um jeito que se eu tivesse os olhos do Ciclope, eu teria um lugar para sentar imediatamente! Mas como não tenho, o jeito foi argumentar. Eu então respondi à ela: “Pois é, eu também trabalhei o dia inteiro, fiquei 40 minutos em pé no ponto aguardando o ônibus E ainda tenho uma deficiência física, caso não tenha dado para perceber, e preciso deste lugar, mais que você”. E fui logo decretando: “Ô motorista enquanto eu não me sentar o senhor não vai sair com este ônibus, pois caso aconteça algum acidente comigo, o senhor será responsabilizado. Se tivermos que aguardar 30 minutos para alguém me dar o lugar, vamos aguardar aqui óh paradinhos.”
Mexi com todos neste momento né. O povo estava cansado, queria chegar em casa, assim como eu. E MILAGROSAMENTE, a maioria despertou de seu sono embelezador e pude até escolher onde me sentar.
Por que algumas pessoas não agem, só reagem?
Que sociedade doente é esta que a gente está vivendo? em que as pessoas só pensam em si próprias? Onde a EMPATIA está cada vez mais sumida.
Se colocar no lugar do outro? Quem tem tempo? Para quê fazer isso?
Gosto de observar a reação de algumas pessoas quando na tv por exemplo, conta alguma história de superação de uma pessoa com deficiência, vencendo suas limitações, os obstáculos que a sociedade excludente impõe. Fico tocada ao ver as lágrimas nos olhos de quem assiste, tão compadecida daquela PcD. Porém, se encontrar aquela pessoa com deficiência na rua, no transporte coletivo, por exemplo, e precisar sair de sua zona de conforto, ahhh aí a compaixão não é mais a mesma! Neste momento aquele ser humano tão fantástico, tão capaz de superar os problemas da vida, torna-se invisível. Ninguém mais a vê, ninguém mais a admira como na tv.

Pessoas queridas, peço a ajuda de vocês para informar aos demais que não, não temos o poder da invisibilidade, e sim, precisamos que nos respeitem e nossos direitos. Não se omitam diante de uma situação assim, não protagonizem cenas como esta que relatei.
Passar por questões assim esporadicamente, a gente releva com mais facilidade. Agora viver isso quase diariamente é muito difícil, isso mexe com o psicológico, inibe reações, pode causar isolamento da pessoa com deficiência, do idoso, que deixam de viver suas vidas porque estão cansadas de ter que “brigar” diariamente por direitos tão básicos.
Respeite o próximo, por você, por ele e por uma sociedade mais justa, menos egoísta. Que a empatia seja nossa companheira de cada dia.

Bjs!!!!