Vê Legentil

sexta-feira, 13 de julho de 2018

É Gente ou Objeto?




Oi pessoal, peço desculpas a vocês por um período tão longo de ausência em meu blog. Mas me comprometo com vocês de que a partir de hoje voltarei a postar uma vez por semana, conforme alinhado!! 😉
Vou descrever um breve resumo do que eu fiz ou deixei de fazer, ou acho interessante compartilhar na forma de compensar o tempo distante que passei de vocês:
ü  Experiências:
1.    Aeroporto: Sempre falo em minhas palestras de sensibilização sobre o tema PCD que pessoas com deficiência são antes de mais nada, PESSOAS. Pois bem,  chegando ao aeroporto, como de costume, solicitei a cadeira de rodas de uma companhia aérea, o funcionário me deixou próximo ao portão de embarque da aeronave e comunicou a um colega, que se tratava de prioridade no embarque. O tempo foi passando, o embarque anunciado e NINGUÉM se aproximou de mim para me conduzir até o avião. Então, eu que nesse momento segurava minha mochila e meu par de bengalas, “me virei nos 30” para conduzir a cadeira até o portão onde estavam liberando o acesso dos passageiros. Foi quando me dirigi a funcionária me identifiquei e disse que eu viajaria naquele voo. Foi quando pelo rádio ela se dirigiu a alguém usando os seguintes termos “pessoal, temos uma cadeira aqui para atendimento, e não fui comunicada.” Esperei o encerramento da conversa e falei para ela “Querida, você se equivocou, não é a cadeira que precisa de atendimento, mas uma pessoa.” Ela fitou os olhos em mim por uns segundos e disse “Senhora, este termo faz parte de nosso procedimento.” Então eu repliquei “Então a partir de agora posso me referir a você como porta né, já que você é quem está liberando o acesso à aeronave.” Não sei o que ela pensou, pois nossa conversa terminou ali, pois chegou um outro funcionário da companhia para dar o atendimento à cadeira. A vontade era me levantar e dizer: "Pronto, podem dar o devido atendimento à cadeira." É cada uma que a gente passa!! rsrsrsrs!!!

Para que não perdure nenhuma dúvida!!! Ta Explicado!!
Alguns de vocês podem estar pensando : “-Que mulher “cri cri”, reclama de tudo!” Não é isso, já lutamos tanto para sermos reconhecidos como pessoas, já somos excluídos de tantos lugares. Por que continuam nos tratando como se fôssemos uma “coisa qualquer” um “objeto”? Cadê o respeito pelo ser humano. Qual a dificuldade em se falar que “temos uma prioridade para embarcar”?. Aliás alguém me defina prioridade, por gentileza. Pois de acordo com o dicionário o significado de prioridade é:
substantivo feminino
1.     1.
condição do que é o primeiro em tempo, ordem, dignidade.
2.    2.
possibilidade legal de passar à frente dos outros; preferência, primazia.
"idosos, deficientes físicos e gestantes têm p. no atendimento"

Que tipo de prioridade faz com que sejamos os últimos a desembarcar? Já escrevi antes aqui no blog, que já fiquei 45 minutos dentro da aeronave aguardando uma cadeira de rodas para poder desembarcar. Em outra ocasião me retiraram da aeronave porque já havia se passado 20 minutos e nada da cadeira. Me disseram que a cadeira estava no portão de desembarque, e cheguei lá aguardei mais 10 minutos.
Não entendo realmente, como prioridade funciona nos aeroportos, talvez tenha um significado diferente do usual. Eu, sendo UMA pessoa, posso aguardar um batalhão sair da aeronave, mas o contrário não pode acontecer, porque vai impactar no tempo de desembarque dos demais.
2.   Divulgando informações & Obtendo conhecimento: na última semana de junho tive o prazer e a oportunidade de falar sobre o tema PCD para 156 pessoas (funcionários na empresa em que trabalho). Digo sempre que amo o faço e a troca de experiência é algo simplesmente fantástico, poder dizer para as pessoas que também somos PESSOAS, que também temos nossos sonhos, nossas frustrações, nossas metas profissionais, é algo que não tem preço. Poder proporcionar ao outro a possibilidade de se colocar no lugar de quem tem uma deficiência, experimentar por alguns minutos que seja nossas limitações e mais ainda as barreiras que ultrapassamos para alcançar o que almejamos e perceber o brilho no olhar de quem está participando é indescritível.
Poder compartilhar experiências, tornar um tema tão envolvo em preconceitos e melindres, em algo mais acessível, é ter a certeza que mesmo sendo um trabalho de formiguinha, é a minha contribuição para uma sociedade mais inclusiva.
3.   Retrocesso por ignorância: venho acompanhando nos meios de comunicação, a notícia de que algumas doenças tidas como erradicadas no Brasil, correm o risco de reaparecer, porque alguns pais estão se recusando a vacinar seus filhos. Uma dessas “doenças” é a poliomielite ou paralisia infantil. GENTEEEEEEEEEEEEEEEE....isso não é possível!!! É um retrocesso gigantesco. Isto vem acontecendo por alguns motivos:
a.   Os pais por não acreditarem na eficácia das vacinas, estão deixando de vacinar seus filhos;
b.   O governo não faz mais aquelas campanhas em TVs, rádios divulgando de forma intensiva as campanhas de vacinação. Cadê o Zé Gotinha?

c.   Em regiões mais carentes a dificuldade de as vacinas chegarem a esses locais são enormes.

Como sobrevivente da pólio, sim sobrevivente, pois vivo em um país onde não  oferece o mínimo de saúde básica aos seus habitantes. Onde equipamentos como cadeiras de rodas, aparelhos ortopédicos de boa qualidade são caríssimos. Onde não há transporte público nem vias públicas que possibilite a PCD ter uma vida independente, onde faltam políticas públicas (que funcionem) voltadas para a PCD, onde o mercado de trabalho para essa parcela da população, apesar dos avanços, é fechado. Não temos uma abertura para o mercado de trabalho, nos infiltramos por meio de brechas, por becos, por força da lei.
O vírus da pólio é cruel, ele ataca o sistema nervoso central, se inicia pelos membros inferiores (geralmente) e se não for controlado, pode tomar todo o indivíduo, podendo o levar a óbito. 
Outro ponto importante neste assunto é que poucos médicos sabem lidar com a pólio e principalmente com a Síndrome Pós Pólio, que as pessoas com sequelas da paralisia infantil passam a desenvolver, comprometendo ainda mais a lesão que a pólio causou.

Hoje, minha postagem foi em forma de desabafo, e um pouco de revolta com relação a questão do provável retorno da pólio ao país. Por isso, peço que, divulguem as informações, compartilhem com amigos, familiares. É muito certa a frase que diz “QUEM AMA CUIDA”, então cuidem dos seus filhos, afilhados, sobrinhos. Cuidem de suas crianças. Ressaltei aqui a paralisia infantil por fazer parte da minha realidade, mas o alerta vai para as demais doenças também, como sarampo, sífilis dentre outras.

Para as 3 experiências abordadas aqui, a temática é uma só: Somos Pessoas, somos gente e não objeto!

Beijo grande para todos vocês!!!!







7 comments:

  1. Parabéns Verônica pela sua luta e pela labuta. Pela persistência e pela consistência na busca de soluções mais dignas para o público PCD.

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  2. Verônica,parabéns excelente trabalho de conscientização.A luta não pode parar.

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  3. Amei!!! Certíssima!!!������������

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  4. Oi Verônica minha linda.
    Que bom você esta de volta, é muito bom vê-la na luta.
    Muito boa sorte e sucesso.
    Gratidão!

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  5. Realmente uma vitoriosa! Exemplo!!!!
    Parabéns, Verônica Legentil!

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