A matéria de hoje será sobre a poliomielite, ou paralisia
infantil. Hoje não farei piadas ou risadinhas como de costume, pois realmente é
algo que me trás preocupação não apenas para o hoje, mas principalmente para o
futuro.
Por vivenciar na pele as dificuldades em ter sequelas da
poliomielite ou paralisa infantil, por diariamente encarar os obstáculos
impostos por uma sociedade excludente, por ter consciência da falta de recursos
médicos para tratamento eficaz das sequelas deixadas pela pólio e ainda, por
ler nos últimos meses que na atual campanha nacional de vacinação contra o
sarampo e a pólio, os dados no Ministério da Saúde informa que somente 46% das
crianças foram vacinadas, decidi então postar esta semana sobre o que é a
poliomielite.
Já me desculpo com vocês pelo tamanho do texto, peço a
compreensão de todos, mas foi muito necessário escrever as informações nele contida.
Pois como a paralisia infantil está
erradicada no Brasil faz muito tempo, as novas gerações pouco sabem sobre o
estrago que esse vírus pode causar e poucos convivem com alguém que tenha as
sequelas da pólio.
Você sabe o que é a
poliomielite?
A poliomielite é uma doença infecto-contagiosa aguda, causada por um vírus que vive no intestino, denominado Poliovirus. Embora ocorra com maior frequência em crianças menores de quatro anos e ser comumente chamada de paralisia infantil, também pode ocorrer em adultos.
Em geral, a paralisia se manifesta nos membros inferiores
de forma assimétrica, ou seja, ocorre apenas em um dos membros. As principais
características são a perda da força muscular e dos reflexos, com manutenção da
sensibilidade no membro atingido.
Quais
os sintomas da poliomielite?
O período de incubação varia de 5 a 35 dias, com mais frequência
entre 7 e 14 dias.
Na
maioria dos casos, a infecção pelo vírus da poliomielite pode ser
assintomática. Isso não impede sua transmissão, pois é eliminado pelas fezes e
pode contaminar a água e os alimentos.
Quando
se manifestam, os sintomas variam de acordo com a gravidade da infecção.
Nas
formas não paralíticas, os sinais mais característicos são febre, mal-estar,
dor de cabeça, de garganta e no corpo, vômitos, diarreia, constipação,
espasmos, rigidez na nuca e meningite.
Na forma paralítica, quando a infecção atinge as células dos neurônios motores,
além dos sintomas já citados, instala-se a flacidez muscular que afeta, em regra,
os membros inferiores.
Como é
transmitida a poliomielite?
Quanto mais precária a condição de vida de uma população, quanto
maior a ausência de saneamento básico, falta de higiene, mais esta população
estará exposta ao vírus da pólio.
A transmissão do vírus da poliomielite se dá através da boca, com material contaminado com fezes (contato fecal-oral), o que é crítico quando as condições sanitárias e de higiene são inadequadas. As crianças devem ser orientadas desde muito cedo a desenvolver hábitos saudáveis de higiene, como lavar as mãos, só beber água tratada etc.
O Poliovirus também pode ser disseminado por contaminação da água e de alimentos contaminados.
A multiplicação desse vírus começa na garganta ou nos
intestinos, locais por onde penetra no organismo. Dali, alcança a corrente
sanguínea e pode atingir o cérebro. Quando a infecção ataca o sistema nervoso,
destrói os neurônios motores e provoca paralisia flácida em um dos membros inferiores. A doença pode ser mortal, se forem infectadas as células dos centros nervosos que controlam os músculos respiratórios e da deglutição.
OBS.: A falta de saneamento básico e de medidas adequadas de
higiene é a principal causa de transmissão do vírus da poliomielite. A má
qualidade da água utilizada para consumo e alimentos preparados sem os cuidados
de higiene facilitam a proliferação dos diferentes tipos de póliovírus.
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A Falta de saneamento básico constitui uma das causas da proliferação do vírus da poliomielite |
Existe tratamento para a poliomielite?
As sequelas da poliomielite estão relacionadas com a infecção da
medula e do cérebro pelo poliovírus, normalmente correspondem a sequelas
motoras e não tem cura. O foco do tratamento reside em diminuir a sensação de desconforto, evitar que o vírus continue se espalhando pelo corpo e garantir a qualidade de vida da pessoa infectada. O tratamento deve ser iniciado o quanto antes, para evitar complicações, mesmo porque, se uma pessoa infectada com o vírus não for atendida aos primeiros sinais da doença, ela estará sob maior risco de morte.
As
principais sequelas da poliomielite são:
·
Problemas e dores nas
articulações;
·
Pé torto, conhecido como
pé equino, em que a pessoa não consegue andar porque o calcanhar não encosta no
chão;
·
Crescimento diferente
das pernas, o que faz com que a pessoa manque e incline-se para um lado,
causando escoliose;
·
Osteoporose;
·
Paralisia de uma das
pernas;
·
Paralisia dos músculos
da fala e da deglutição, o que provoca acúmulo de secreções na boca e na
garganta;
·
Dificuldade de falar;
·
Atrofia muscular;
·
Hipersensibilidade ao
toque.
As sequelas da poliomielite são tratadas através de
fisioterapia, por meio da realização de exercícios que ajudam a desenvolver a
força dos músculos afetados, além de ajudar na postura, melhorando assim a
qualidade de vida e diminuindo os efeitos das sequelas. Além disso pode ser
indicado o uso de medicamentos para aliviar as dores musculares e das
articulações.
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A fisioterapia é fundamental para fortalecer a musculatura, evitando atrofias musculares, para ter uma melhor postura corporal afim de evitar dores. |
Forma de prevenção
A doença deve ser
evitada através da vacinação contra a poliomielite. Paralelo a isto, medidas preventivas como programas de saneamento básico, são essenciais.
Como é oferecida a vacina contra a poliomielite no Brasil
1.
A vacina é oferecida o ano inteiro em todos os postos de saúde.
2.
Uma criança deve tomar ao menos três doses da vacina para estar
imunizada: 1ª dose aos 2 meses; 2ª dose aos 4 meses; 3ª dose aos 6 meses.
3.
Há um reforço da vacina aos 15 meses. Nesse reforço, são
administradas duas gotinhas.
4.
O Ministério da Saúde realiza campanhas nacionais duas vezes ao
ano. Mas a vacina pode ser aplicada a qualquer momento.
A poliomielite no Brasil
De acordo com dados do Ministério da Saúde, o Brasil não
registra casos de poliomielite faz 30 anos. Tendo o último ocorrido em 1989.
Apesar disso, atualmente o governo alerta sobre a necessidade da vacinação,
mesmo tendo sido a pólio erradica no país, isso se deve a alguns motivos:
ü O vírus tem circulado por 23 países nos últimos 3 anos;
ü O surgimento de um caso de poliomielite na Venezuela em junho; (todos
devem estar acompanhando a situação dos venezuelanos no Brasil, entrando no
país sem nenhum tipo de controle, principalmente por Roraima).
O número de crianças
vacinadas vem baixando a cada ano, e uma disseminação de falsas informações principalmente
via internet de que as vacinas podem matar ou causar algum outro tipo de mal às
crianças vem fazendo com que os responsáveis evitem vacinar seus filhos.
Isso me traz à memória, lembranças da história do Rio de Janeiro,
aprendida na escola, de um período conhecido como “A Revolta da Vacina” quando
em 1904 o governo federal impôs a obrigatoriedade da vacinação contra a varíola
e a população então se rebelou devido a forma como foi praticada a vacinação nas
pessoas.
Mas vivemos em outros tempos, onde
diferentemente daquela época, em que as pessoas tinham pouco ou nenhum acesso
às informações, hoje o efeito é as avessas, são as notícias fakes divulgadas, a ausência de busca
pela veracidade dos fatos contados, o crer somente no que lê, tem levado
algumas pessoas a facilitar a volta de uma doença terrível como a poliomielite.
Muita além das sequelas físicas
Ter tido poliomielite
aos 5 meses de nascida e conviver com suas sequelas a vida inteira, poderia ser
mais leve, se a sociedade fosse mais inclusiva, com pessoas tendo empatia, se
colocando no lugar do outro, com vias públicas e transportes púbicos
acessíveis, com oportunidades de trabalho justas, com menos, bem menos
barreiras atitudinais gigantescas, com valores bem mais acessíveis de
equipamentos como aparelhos ortopédicos, muletas, cadeira de rodas.
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Quanto menos desenvolvimento houver em um país, mais sua população está suscetível ao vírus da poliomielite, e as crianças são as maiores vítimas. |
o
Se você quer bem a quem
você ama...vacine seu filho;
o
Se você conhece alguém
que tem resistência em vacinar seu filho por conta de notícias lidas em redes
sociais, pela internet em geral, sem uma fonte confiável, sem investigar o
fato, oriente-o a vacinar a criança;
o
Vacinar contra a poliomielite
é uma prova de amor!
Importante ressaltar que:
O artigo 1º do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA determina que "é obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias."
Obrigada
por ter lido todo o texto. Me ajude a divulgar essas informações,
compartilhando-as em suas redes sociais.
Bjs!
Fontes: