Vê Legentil

sexta-feira, 31 de março de 2017

Até onde a educação pode nos levar...

Hoje estava pensando sobre o que escrever, então decidi falar sobre a pessoa com deficiência, educação, formação profissional.
Eu apesar das dificuldades na infância para tratamentos e internações para cirurgias devido às sequelas de poliomielite, puder estudar. Com algumas interrupções devidos as internações.  Mas, contudo isso, consegui estudar. Tenho uma mãe que sempre me incentivou a estudar e tomou decisões para que isso pudesse acontecer.
Sou de uma época que não se falava tanto em inclusão, acessibilidade. Mas mesmo assim Deus sempre colocou em minha vida pessoas atenciosas que se preocupavam com o próximo, e nem adianta falar que eram diretores de escola, professores que não fizeram mais que obrigação, porque isso não é argumento, quando se tem governantes que não fazem suas OBRIGAÇÕES. Essas pessoas se dispuseram a fazer algo “além da curva”.  Pessoas que quando minha mãe ia fazer minha matrícula e explicava minha dificuldade de locomoção procuravam me colocar em salas próximas às saídas, a banheiros, refeitórios, enfim, faziam mudanças para que eu “única” criança com deficiência na escola pudesse estudar em igualdade de condições com os demais alunos. E assim foi em cada escola por onde passei até a conclusão do ensino médio.
Mas antes de chegar à escola é necessário o uso de transportes públicos e calçadas conservadas. Durante os anos iniciais na escola, meus pais puderam pagar transporte para que eu e minha irmã fôssemos estudar, e conforme fui crescendo e tive sempre a companhia de minha irmã Beatriz comecei a ir para a escola de ônibus, e já na infância pude presenciar a falta de empatia, de educação de algumas pessoas nos transportes públicos. Era comum, pessoas não cederem lugar, mais comum ainda era motorista que não esperava nem eu me sentar para “arrancar” com o ônibus. Ou ainda chegar em casa somente duas horas depois da saída do horário escolar porque motoristas não paravam no ponto. Duas horas em um trajeto que não levava nem 10 minutos.
Imagine passar por situações assim por anos, se você se zanga por alguns dias de estresse nos transportes coletivos, imagina a situação de quem tem uma deficiência. Que fique claro, que isso não é “ vitimismo”, é a realidade de se morar em um país que não investe em educação, em transporte público e muito menos em políticas públicas que valorize a pessoa com deficiência como cidadã.
Quando fiz minha faculdade apesar do prédio acessível, as dificuldades com transporte continuaram. Quantas  vezes  chegava à faculdade chorando de raiva por estar atrasada por ter perdido alguns ônibus que me deixou no ponto sem parar. Eu entrava no banheiro, chorava colocando para fora toda minha revolta, toda minha raiva, por me sentir tão impotente diante daquela situação. Depois recobrava meu juízo, enxugava meu rosto e ia para sala de aula, pois eu tinha em mente, que se eu desistisse por causa das dificuldades, nada acrescentaria em minha vida nem na vida de outras pessoas. Decidi que eu poderia sim através de meus estudos, de conhecimentos adquiridos fazer diferença, e ajudar outras pessoas com deficiência a não passarem por situações como as que eu passava. E foi com esse pensamento e o incentivo de familiares e amigos que concluí minha graduação.
Iniciei logo após minha pós graduação em pedagogia empresarial e os mesmos problemas se apresentando a cada ia para as aulas.
Hoje trabalho com inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. E já ouvi muitas histórias. Sobre o grau de escolaridade das PcD”s, sobre alfabetização, profissionalização.
Já ouvi e ainda ouço pessoas dizendo que PcD’s não tem qualificação profissional, outros dizendo que isso de PcD não ter qualificação profissional é mito.  Essas sentenças muitas vezes culpando a pessoa com deficiência por sua falta de escolaridade.
Pense você: Um país com mais de 45 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência e 61% dessas pessoas terem o ensino fundamental incompleto, o que significa? Será que todas essas pessoas não quiseram estudar ou não puderam? ou ainda não podem estudar por falta de acessibilidade? E quando eu digo acessibilidade eu falo de uma maneira muito ampla.
Deixa eu falar agora das escolas, já que dos transportes públicos comentei em parágrafos anteriores. TODAS as escolas possuem intérprete de Libras para alunos com deficiência auditiva, possuem livros em braile para alfabetização de crianças cegas, possuem professores de apoio/mediadores para auxiliar as crianças com deficiência? Possuem salas com atividades lúdicas para aprendizado daquelas que necessitam de uma didática mais diferenciada? As bibliotecas e demais salas interativas das escolas estão sempre nos primeiros pavimentos? Para que Todas as crianças tenham acesso inclusive os alunos com dificuldade de locomoção?
Sem transporte e escolas acessíveis, profissionais qualificados, como estudar? Isso não é preguiça gente, é realidade.
Sou fã daqueles que, apesar das dificuldades conseguiram seguir em frente. Mas quantos ficaram para trás por falta de opção, de oportunidade, por falta de informação ou conhecimento, ou mesmo apoio da família.
Uma observação que sempre gosto de fazer é:
“Falo neste texto e sempre que tenho oportunidade, das pessoas que querem fazer diferente, mas ainda não conseguiram por todos os motivos que mencionei anteriormente”. Pois quem não quer mudar, quem não gosta de estudar, vai sempre permanecer na mesma situação, e isso independe se a pessoa tem uma deficiência ou não.
O lado bom é que algumas empresas “incentivadas” pela Lei de Cotas ou não, hoje em dia oferecem cursos de qualificação profissional às pessoas com deficiência e alguns ainda oferecem uma ajuda de custo, além de, ao final dos cursos após avaliação, podem ser aproveitadas, contratadas para o quadro de funcionários. Muitos querem deixar de receber o benefício do governo federal e se incluir no mercado de trabalho, mas como sem escolaridade, sem formação profissional?
Você deixaria sua casa, um lugar seguro, sem riscos de quedas nas vias públicas, sem precisar passar por constrangimentos nos transportes coletivos para ganhar o mesmo valor enfrentando essas situações e ainda enfrentar algum tipo de preconceito de alguns colegas de trabalho? O que você faria?
Termino com uma frase de Kant, que diz o seguinte:
"O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele."






quarta-feira, 22 de março de 2017

O que que Niterói tem?

Oiiiii!!!! Hoje minha dica é para você que ainda não conhece Niterói. Cidade Sorriso como é conhecida. Bonita, paisagens fantásticas.
Aqui para mim tão importante quanto falar de alguns pontos turísticos é falar sobre a acessibilidade desses locais.
Niterói é uma cidade que possui muitas rampas de acesso em suas calçadas, algumas com alguns problemas de manutenção, com buracos, poças de água entre a rampa e o asfalto, devido ao desnivelamento entre estes dois pontos. Mas, ainda assim, é possível, mesmo com algumas dificuldades andar de cadeira de rodas ou muletas/bengalas em Niterói, diferentemente de alguns municípios próximos. Mas isso é fruto de muito trabalho, de cobrança da população com deficiência que mora na cidade, de alguns representantes do poder público. Maaas, sempre gosto de relembrar que ainda não é o ideal, que há muito  a ser feito. E vamos cobrar, vamos eleger políticos que se importem de verdade com a causa, não apenas aqueles que se lembram de nossa existência em período eleitoral.
Nasci e fui criada em Niterói, e mesmo tendo me mudado para outro município, sempre que posso vou passear por lá, e é comum eu fazer turismo com amigos que ainda não conhecem a “terrinha”. E mesmo já conhecendo os lugares, curto cada detalhe como se fosse a primeira vez.
Um bom lugar para conhecer é o MAC – Museu de Arte Contemporânea, com uma vista fascinante da Baía de Guanabara, praia de Icaraí, Boa Viagem. É bem acessível, a rampa de acesso ao interior do museu é bem suave, dando segurança e autonomia a quem usa cadeira de rodas ou muletas, é possível curtir a paisagem e registrar com lindas fotos.
Outro ponto turístico para se conhecer é o Complexo de Fortes em Jurujuba, além das paisagens, é possível conhecer um pouco mais sobre a história da Cidade, a importância dessas edificações para o Brasil. Vou falar de dois Fortes que integram esse Complexo. O “Forte do Pico” localizado no alto de um morro, tem acesso por vans que levam as pessoas até a parte alta. Chegando lá, o passeio é feito a pé, e o caminho é de pedras, postas desde a época da construção do Forte, alguns trechos são bem cansativos para quem usa muletas ou cadeiras de rodas comuns, necessitando de auxílio para empurra-la. Mas a vista compensa, é privilegiada.
Outra parte integrante do Complexo dos Fortes é a Fortaleza de Santa Cruz, esse dá para ir de ônibus até chegar a entrada do Forte. Um detalhe: Todos os ônibus de Niterói possuem a plataforma/rampa de acesso e geralmente estão funcionando. O problema é a falta de informação de alguns motoristas que insistem em que somente pode usar tal equipamento os cadeirantes, tendo o usuário muletante muitas vezes,que ligar para a garagem, ou ainda convencer o motorista que pessoas com outros tipos de limitação física também estão aptos ao uso do tal elevador.
A visitação ao interior da Fortaleza é feito a pé, em um terreno bem desnivelado com altos e baixos, algumas vezes é preciso apoio para acessar certos lugares. Com algum esforço é possível fazer o passeio, que apesar de cansativo, é muito prazeroso, além do fato de adquirir um pouco mais de conhecimento da cidade. Este passeio tem duração média de 45 minutos. Super indico.
Jurujuba também possui ótimos restaurantes especializados em frutos do mar, terminando o passeio aos fortes, um almoço a beira  mar é uma ótima indicação.
Saindo de Jurujuba é possível conhecer o Parque da Cidade em São Francisco, onde acontece os saltos de asa delta, parapente. O acesso pode ser feito de carro particular, ou transporte alternativo por meio de aplicativos. Lá se tem uma das vistas mais bonitas da cidade de Niterói. De um lado é possível contemplar o bairro de São Francisco, Charitas, Icaraí, e, de outro ponto avistar Piratininga. Descendo é possível ainda registrar imagens à beira da Igreja de São Francisco Xavier, com sua bela arquitetura, aqui também o problema em se ter estabilidade em permanecer em pé (um cuidado para não cair) também diz respeito ao calçamento.
Continuando a descida, uma parada na Marina (Praça Rádio Amador) entre Charitas e São Francisco é obrigatória. Para acesso com segurança, tem que andar um pouco até o sinal/semáforo, assim poderá atravessar com tranquilidade e também ter acesso à rampa na calçada. Se for de um outro ponto da cidade até a praça de ônibus, terá que descer na pista, pois, o ponto de ônibus também é estacionamento, então é impossível ao motorista parar próximo ao calçadão para desembarque e/ou embarque dos passageiros. A noite é ainda pior. Voltando a falar da praça, o por do sol é lindo, o ambiente é bem tranquilo, onde famílias passeiam com seus filhos, grupos sentam-se no gramado tocando violão etc.
Um dia de passeio em Niterói pode ser inesquecível.
E os passeios não são caros, o que também importa bastante ser mencionado!!rsrsrs!

Niterói possui alguns outros pontos de passeios, mas que vou deixar para uma nova postagem!

Fortaleza de Santa Cruz da Barra - Jurujuba


Museu de Arte Contemporânea

Boa Viagem 

Museu de Arte Contemporânea

Museu de Arte Contemporânea

Museu de Arte Contemporânea

Parque da Cidade

Parque da Cidade - ao fundo Piratininga


Museu de Arte Contemporânea

Ao fundo Praça Rádio Amador - Sâo Francisco

Igreja São Francisco Xavier - São Francisco

Igreja São Francisco Xavier - São Francisco

Fortaleza de Santa Cruz da Barra - Jurujuba

Fortaleza de Santa Cruz da Barra - Jurujuba

Fortaleza de Santa Cruz da Barra - Jurujuba

Fortaleza de Santa Cruz da Barra - Jurujuba

Fortaleza de Santa Cruz da Barra - Jurujuba

Fortaleza de Santa Cruz da Barra - Jurujuba

Fortaleza de Santa Cruz da Barra - Jurujuba

Fortaleza de Santa Cruz da Barra - Jurujuba

Praia de Charitas

Jurujuba

Baía de Guanabara


Vista da Praia de Icaraí - MAC

Parque da Cidade

Vista de Niterói - Parque da Cidade

Fortaleza de Santa Cruz da Barra - Jurujuba

Fortaleza de Santa Cruz da Barra - Jurujuba

Vista da Cidade de Niterói - Parque da Cidade

Vista da Cidade de Niterói - Parque da Cidade

Boa Viagem - Niterói



Vista da Baía de Guanabara pela Praça Rádio Amador - São Francisco

Praça Rádio Amador - São Francisco

Praça Rádio Amador - São Francisco

"Seja a Mudança que você quer ver no Mundo"

Seja a mudança o que você quer ver no mundo” já dizia Mahatma Gandhi.

Trabalho com inclusão de pessoas com deficiência faz alguns anos. Estou sempre procurando me inteirar de assuntos referente ao tema. 
A realidade da pessoa com deficiência no Brasil é alarmante, apesar dos avanços, das conquistas legais, ainda há muito a ser feito. 
É comum quando alguém presencia algum tipo de injustiça cometido contra uma pessoa com deficiência, a pessoa ficar irritada, julgar ser um absurdo tal fato, mas e no dia a dia? O que esta mesma pessoa tem feito para ajudar na inclusão de pessoas com deficiência na sociedade? Pequenos gestos podem fazer muita diferença.
Quando saio às ruas costumo prestar atenção em algumas circunstâncias que estão ligadas às pessoas com deficiência. Principalmente por “sentir na pele” algumas consequências de determinadas atitudes cometidas por quem não tem algum tipo de deficiência.
Para exemplificar, vou citar alguns casos. As pessoas costumam sentar-se nos assentos preferenciais nos transportes coletivos (o que não é proibido) e se recusam a levantar-se para ceder o lugar a quem de direito. Já passei por isso algumas vezes. Quando entro no ônibus e tem alguém ocupando um banco preferencial, sempre pergunto à pessoa se ela possui algum tipo de deficiência, tendo em vista que nem todas são visíveis, e é comum, a pessoa responder que não possui nenhuma deficiência, mas que está cansada do trabalho, que está com dores e não cede o lugar. O interessante é que a tal da empatia está cada vez mais sumida na sociedade. O indivíduo julga que só ele está cansado, que só ele sente dores, e que por isso não pode levantar-se de um lugar que NÃO está reservado para ele. Quando na verdade, por questão simplesmente de humanidade, o correto seria pensar “se eu que não tenho uma deficiência já estou cansado, muito mais esta pessoa”.
Outra prática bastante comum é estacionar em vagas destinadas às pessoas com deficiência. Em shoppings e mercados isso acontece com muita frequência. Também já pude presenciar isso. Tento alertar algumas pessoas através do meu trabalho de conscientização/sensibilização sobre os motivos da reservada dessas vagas, o por quê elas preferencialmente estão sinalizadas próximas às entradas dos estabelecimentos. Que isso é para facilitar a locomoção daqueles que tem algum tipo de deficiência. Nas ruas ainda existe a fiscalização, que se a pessoa for flagrada usando a vaga indevidamente pode ser multada e perder pontos na carteira de habilitação. Mas quem fiscaliza os estabelecimentos privados? Algumas pessoas colam o adesivo “aquele símbolo da cadeira de rodas” acreditando que isso seja uma forma de conseguir driblar a fiscalização, mas não é bem assim, é preciso ter o cartão emitido pela prefeitura de domicílio da Pessoa com Deficiência, e este precisa estar bem visível no carro para poder estacionar em vaga de PcD. Mas a pessoa é tão sem noção, que é capaz de usar a frase “é rapidinho”. Pra gente o rapidinho não interessa. Precisamos usar a vaga naquele momento.
Mesmo no condomínio onde moro, foi preciso pedir em assembleia que não estacionem em minha vaga, que fica bem próxima à entrada do meu bloco, e ainda assim, alguns insistem em estacionar. Adotei a tática do bilhetinho, ideia de uma amiga, e achei ótima. Coloco um bilhetinho no carro explicando o motivo pelo qual aquela vaga não pode ser usada por outros, me identifico e aguardo alguma atitude da pessoa, algumas me procuram e pedem desculpas, outros tiram logo o carro da vaga.
É visando diminuir situações como essas que vou fazendo meu trabalho de formiguinha, através de palestras, de textos em meu blog, no Facebook, Instagram. Participando de seminários, fóruns sobre PcD e,  ainda em conversas com amigos, com os que estão próximos a mim.
O que não dá é para aceitar alguns comportamentos, que mesmo a pessoa estando errada, ainda tenta justificar suas atitudes.
Não dá pra reclamar do cara que furou a fila, passando a sua frente, se você estaciona em vagas exclusivas para pessoas com deficiência, idosos, se não cede o lugar nos transportes públicos a quem de direito, se para o carro em frente a rampa de acesso nas calçadas, se finge estar grávida, ou segura uma criança já grande no colo afim de usar a fila preferencial!
Quer um mundo melhor? Comece por você! Faça a diferença! Parece clichê, mas antes de cometer alguns dos atos mencionados acima, pergunte-se “E se fosse comigo?”
Algumas pessoas aprendem na prática a importância de respeitar o direito do outro, quando alguém na família passa por algum problema e temporariamente precisa de cadeiras de rodas, muletas, ou ela própria. Aprendem a dar valor a se ter uma rampa de acesso liberada,  à necessidade de usar o assento preferencial nos transportes públicos e por ai vai!
Então seja a mudança que você quer ver no mundo!
Faço a minha parte, por mim e por outras pessoas que se sentem constrangidas em lutar por seus direitos, ou nem mesmo tem condições de sair de suas casas. Faço ainda por cidadania, por humanidade!

Posso afirmar que compartilhei conhecimentos com muitas pessoas! E sempre que tiver oportunidade vou compartilhar! Pois diante de um  um mundo, uma sociedade onde o amor, o respeito ao próximo parece tão difícil, tão sem importância, torna-se fundamental cada gesto de humanidade, por menor que pareça!
 Compartilhe cidadania, inclusão com seus filhos, sobrinhos, amigos, colegas de trabalho!